O povo brasileiro foi iludido e massacrado durante décadas. Talvez
o Plano Collor tenha demonstrado nossa incapacidade de reação, serviu de
avaliação de combatividade e facilitou outras ações inconcebíveis em nações
mais esclarecidas.
Entre os setores mais agressivos aconteceu a estratégia de
manter juros elevadíssimos, até em empréstimos consignados, sabendo-se que não
costumamos fazer contas precisas de custos e benefícios.
Pouco brasileiros deixaram de cair nas armadilhas criadas
para pegar mutuários, avalistas, compradores, turistas etc. na arapuca criada
com os juros estratosféricos criados e mantidos durante tanto tempo no Brasil.
Nosso Brasil foi castrado por manipuladores de opinião pública e simplesmente
aceitou, quando não tinha como reagir, dívidas impagáveis. Fomos colocados na
vala comum dos bandidos se, simplesmente, perdemos durante algum tempo o
controle de nossas contas.
Instituições de apoio a emprestadores tinham (e parece que
ainda possuem) mais poderes que o próprio Poder Judiciário.
A montanha de dinheiro desviada para os cofres nacionais e
estrangeiros dos especuladores e agiotas formais teria resolvido nossos
problemas mais graves se esse assunto não estivesse sob o controle de uma
ortodoxia inacreditável e arrogante. Cansamos de ver e ouvir autoridades
federais elogiando a política econômica, deixando de explicar que a inflação
tem diversos motivos. Desde a criação de taxas de importação nem sempre
razoáveis, uma maneira especial de fechar fronteiras, ao não investimento em
infraestrutura. Sucateamos a Educação Técnica, desacreditamos produtos
nacionais com fiscalizações simbólicas etc. e permitimos que todo tipo de
cartel e monopólio mandasse e desmandasse em seus preços (isso ainda existe?).
Há muito tempo o que se fez no Governo Dilma Rousseff
deveria ter acontecido, assim não estaríamos agora falando o que escrevemos.
Os juros, graças ao atual governo, devem cair assim como
tarifas e taxas, assim esperamos, atuando com vigor na legislação existente,
ainda que simplória e primária. Leis mal feitas precisam de regulamentação
inteligente e a distribuição de poderes analisada com cuidado. É querer demais
exigir que a Presidência da República seja responsável por assuntos que variam
tremendamente de região a região, sendo que muitos não lhe competem.
De qualquer forma o pior foi a situação criada pela longa
noite dos juros absurdos. Em ambientes fechados descobrimos atitudes criminosas
de alguns bancos, só não podendo receber esse qualificativo diante dos furos e
tolerância dos legisladores. Um banco, pelo menos, parece ter contratado 42
advogados para descobrir falhas na legislação existente e aumentar seus lucros,
o boato é este.
Se o Governo descobriu uma forma de acalentar seus
eleitores, no Congresso Nacional provavelmente existia a esperança de aguardar
por mudanças políticas para “descobrir” o que poderia ser feito.
A verdade é que nessas décadas “non sense” os brasileiros
foram humilhados e perderam recursos que seriam extremamente importantes para
suas vidas privadas e comunitárias, assim como ganhamos um atraso tremendo em
obras de infraestrutura, pois os custos financeiros pesavam muito.
O famoso “custo Brasil” tem várias causas. Vai da Legislação
prolixa e “moderna”, viabilizando uma burocracia colossal, à instabilidade
regulatória. Ou seja, um país que poderia estar em nível muito superior patinou
em carimbos, protocolos, agências reguladoras etc.
Precisamos de boas administrações técnicas. O discurso
ideológico se esvaziou e se mostrou inútil. Os poderosos dominam a arte de
cooptar até gente com um passado diferente, nacionalista. Os empreendedores
mais humildes sofrem os rigores plenos de qualquer tipo de exigência.
É bom estudar com atenção as decisões de países
desenvolvidos para enfrentar a crise econômica mundial. Notaremos que o
figurino brasileiro só acontece onde realmente o desespero é total, podemos ter
certeza, contudo, que a agiotagem será controlada nos mínimos detalhes.
Cascaes
12.11.2012
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