Engana que eu gosto
Na modelagem dos serviços essenciais a partir da
Constituição de 1988 foram criadas agências reguladoras que deveriam zelar pelo
cumprimento dos contratos de concessão. Uma sucessão de fatos demonstrou que
isso não aconteceu, talvez por vontade dos próprios mandatários da nação, que
contingenciavam sem dó nem piedade as verbas dessas entidades, extremamente
importantes diante das leis criadas.
As dificuldades talvez tenham desviado a atenção de assuntos
ridículos, como, por exemplo, permitir que postos de combustíveis anunciem
preços com três dígitos após a vírgula quando suas bombas mal devem medir
litros com precisão de um dígito. Talvez o pessoal que trata disso fosse
obrigado a fazer cursos de propagação de erros, precisão, qualidade da medição,
tecnologia de medição etc. como engenharia não está na moda, essa questões
técnicas são desprezadas.
O ilusionismo financeiro chegou a ponto de termos uma lei
que praticamente obriga o vendedor a não diferenciar a venda com cartão de
crédito e à dinheiro (Melo) , vide “5.Previsão de
vedação da prática nos contratos entre comerciantes e administradoras de cartão
de crédito: impossibilidade.”, página 8. Quem perde é o consumidor. Vale
perguntar, quem está ganhando com essa idiotice?
O problema é infinitamente mais grave quando observamos
normas técnicas, se pudermos comprá-las, e analisarmos o que é vendido. A
qualidade é imprevisível e a mídia foca acima de tudo questões que fariam
sentido se junto com tudo o que se espera na segurança das pessoas e no famoso
CO2 os produtos realmente fizessem jus a méritos de modernidade e qualidade
honestas.
Nas campanhas eleitorais o discurso é hilário, para não
dizer tragicômico. Parlamentares declaram fazer coisas que não têm autoridade e
candidatos ao poder executivo simplesmente desprezam orçamentos, nunca
declarando quem pagará a conta. Pior ainda, com o objetivo de ganhar o apoio de
segmentos organizados e midiáticos desprezam a análise de prioridades, o
resultado é óbvio, ao final da gestão desses senhores e senhoras continuamos em
níveis atrasados de civilidade.
Passamos por uma “bolha imobiliária”. Compre, é fácil pagar.
E o IPTU? As taxas de manutenção? Os custos de cartório (afinal adoramos
papel)? Os juros são realmente aceitáveis? A qualidade é garantida? A
infraestrutura local suporta o monstro de concreto?
Para qualquer lado que olhemos sentimos uma falta absurda de
sensibilidade do que deva ser feito. Em muitos ambientes até vemos pessoas
falando algo, e ações? A sociedade de bajulação a um ser superior mostra seus
piores efeitos levando nosso povo a um grau de fatalismo incrível.
Temos Conselhos, ONGs, associações etc. Servem para quê?
Deveríamos organizar uma ONG de defesa do Brasil, algo inteligente, completo e
não apenas de caráter policialesco. Projetos mal feitos, inoportunos e mal
administrados podem terminar como a ferrovia que há décadas tentaram fazer
entre Curitiba e o litoral. Erraram feio e assim o que hoje custaria muito
dinheiro e resolveria um problema gravíssimo de transporte foi abandonado
(faixas de servidão, pontes, usina de energia elétrica, posteamento e cabos
para eletrificação etc.). Ouvimos dizer que erraram feio. Quando as frentes de
trabalho se encontraram disseram que o erro de nível era de 7 metros, será
verdade?
Um amigo afirma: “Cascaes - Na
década de 70 a obra começou foi desenvolvida parcialmente nos 20 km iniciais a
partir de Curitiba até a cabeceira da serra do mar com algumas obras de arte e
terraplanagem. Na outra ponta um trecho entre Paranaguá e Morretes foi
executada (me parece uns 10 km ) e incorporada a ferrovia sendo incorporada ao
tráfego. A obra parou ainda nessa década por falta de recursos do Governo
Federal. Aí tem pressão de lobby rodoviário até hoje. Abraços.”
O Governo Federal anuncia uma nova ferrovia, porque não faz
logo a terceira pista do Aeroporto Afonso Pena? Isso daria um potencial
fabuloso para Curitiba e região, evitando o passeio de cargas em direção a São
Paulo. Mais ainda, reduziria o custo Brasil de produtos com mais valor agregado
do que simplesmente soja e assemelhados. Note-se que o ante-projeto existe e
uma área enorme de São José dos Pinhais fica travada com a protelação desse
projeto. Sai ou não sai?
O assunto só se esgotaria em centenas de folhas, vamos parar
por aqui para que reflitam um pouco sobre o tipo de administração exercitada no
Brasil, onde a boa Engenharia e a Economia sadia, acima de tudo, são
desprezadas a favor da demagogia e outras coisas.
Cascaes
12.11.2012
Melo, R. D. (s.d.). DIFERENCIAÇÃO DE PREÇOS NA
VENDA À VISTA E NA PRATICADA POR MEIO DE CARTÃO . Acesso em 12 de 11 de
2012, disponível em Dolabella Advocacia e Consultoria:
http://www.dolabella.com.br/downloads/Diferencia%C3%A7%C3%A3o%20Pre%C3%A7os%20Dinheiro%20e%20Cart%C3%A3o.pdf
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