segunda-feira, 29 de abril de 2013

Tarifas, Transporte Coletivo e Política


Assim caminha o Paraná
Um artigo do Jornal Gazeta do Povo da edição de domingo, dia 28 de abril de 2013, faz uma análise do comportamento do curitibano ("Política importa, mas eu não me importo", diz o curitibano, 2013). A reportagem começa dizendo “Falar é uma coisa. Fazer é outra. Quando o assunto é política, o curitibano vai bem no discurso, mas na prática são poucos os cidadãos que participam e acompanham a vida política na cidade...”.
As explicações podem ser analisadas em detalhes por cientistas políticos dedicados ao Paraná. Algo bem feito vai lembrar, por exemplo, que há meio século a Teologia da Libertação estava a pleno vapor e a polarização ideológica atingindo níveis explosivos, inclusive na capital do Paraná, o que talvez justifique a declaração do antropólogo da UFPR Carlos Alberto Balhana relembrando, na reportagem citada, que nos anos 50 a população brasileira tinha um perfil mais revolucionário.
Décadas de mordaça direta e indireta e a alienação do endeusamento de outros valores desviram os brasileiros, não apenas os curitibanos, da militância política.
O resultado é a lógica do vale tudo, explícita na PEC que procura colocar os parlamentares federais no nível dos intocáveis. Nesse caso vimos surpresos a relação dos políticos paranaenses (surpresa em relação a uma minoria) que assinaram essa proposta; que tristeza sentir que gente que admirávamos “embarcou” nessa monstruosidade antidemocrática.
Um exemplo que pode incomodar os chefes de plantão, contudo, é a tormenta que poderá existir com mais um degrau tarifário no transporte coletivo urbano de Curitiba. Seguindo à risca o comportamento que ouvi de um copeliano em tempos semelhantes, o processo de avaliação das tarifas segue um caminho 100% formalista e extremamente bem apoiado pela mídia engajada nos desejos dominantes. Isso incomoda, pois o resultado disso tudo será mais um custo Paraná e do trabalhador, se tiver emprego.
Questões operacionais e de auditagem real foram desprezadas [ (A integração deixará de existir - e como ficam os usuários e o sistema de transporte coletivo, o que acontecerá no "day after"? , 2013), (Cascaes, Auditoria URGENTE no sistema de transporte coletivo urbano de Curitiba - das catracas aos ônibus , 2013), (Cascaes, Pesadelo operacional se a Integração (RIT) acabar em maio de 2013 na RMC , 2013), (Perguntas esquecidas , 2013)].
A sensação que temos é a de que estamos no caminho ilustrado pela tática do “bode russo” (Cascaes, Evolução do bode russo no transporte coletivo, 2013). Ou é isso ou estamos sob um gerenciamento tremendamente ingênuo do transporte coletivo urbano de Curitiba e da Região Metropolitana.
Fica, entretanto, a tranquilidade das elites poderosas. Como disse (Kohlbach, 2013) e mostrou através de gráficos não haverá reação significativa. Essa é uma certeza maior quando entidades que deveriam atuar com mais firmeza se omitem e o povo simplesmente luta desesperadamente para subir um degrau na escala do consumismo e conforto.
Todos esquecem que teríamos mais tempo para lazer e cultura se os custos, preços e juros do que consumimos estivessem em níveis compatíveis com a realidade econômica e social do Brasil.
Parece que continuamos e reforçamos a mensagem expressa pela famosa Lei de Gérson [1], esquecendo que talvez todos estejam perdendo muito mais do que ganhando vantagens imerecidas.

Cascaes
29.4.2013
Cascaes, J. C. (12 de 4 de 2013). A integração deixará de existir - e como ficam os usuários e o sistema de transporte coletivo, o que acontecerá no "day after"? . Fonte: O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia: http://otransportecoletivourbano.blogspot.com.br/2013/04/a-integracao-deixara-de-existir-e-como.html
Cascaes, J. C. (29 de 3 de 2013). Auditoria URGENTE no sistema de transporte coletivo urbano de Curitiba - das catracas aos ônibus . Fonte: O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia: http://otransportecoletivourbano.blogspot.com.br/2013/03/auditoria-urgente-no-sistema-de.html
Cascaes, J. C. (13 de 4 de 2013). Evolução do bode russo no transporte coletivo. Fonte: Quixotando: http://www.joaocarloscascaes.com/2013/04/evolucao-do-bode-russo-no-transporte.html
Cascaes, J. C. (13 de 4 de 2013). Pesadelo operacional se a Integração (RIT) acabar em maio de 2013 na RMC . Fonte: Ponderações engenheirais : http://pensando-na-engenharia.blogspot.com.br/2013/04/pesadelo-operacional-se-integracao-rit.html
Kohlbach, K. (28 de 4 de 2013). "Política importa, mas eu não me importo", diz o curitibano. Gazeta do Povo, p. 15.
Lima, A. C. (10 de 4 de 2013). Perguntas esquecidas . Fonte: Engenharia - Economia - Educação e Brasil: http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2013/04/perguntas-esquecidas.html





[1] Wikipédia - Na cultura brasileira, a Lei de Gérson é um princípio em que determinada pessoa age de forma a obter vantagem em tudo que faz, no sentido negativo de se aproveitar de todas as situações em benefício próprio, sem se importar com questões éticas ou morais. A "Lei de Gérson" acabou sendo usada para exprimir traços bastante característicos e pouco lisonjeiros do caráter midiático nacional, associados à disseminação da corrupção e ao desrespeito a regras de convívio para a obtenção de vantagens pessoais.
[editar]Origem
A expressão originou-se em uma propaganda de 1976 criada pela Caio Domingues & Associados, que havia sido contratada pela fabricante de cigarros J. Reynolds, proprietária da marca de cigarros Vila Rica, para a divulgação do produto. O vídeo apresentava o meia armador Gérson da Seleção Brasileira de Futebol como protagonista.
O vídeo inicia-se associando a imagem de Gerson como "Cérebro do time campeão do mundo da Copa do mundo de 70" sendo narrado pelo entrevistador de terno e microfone em mão, que se passa em um sofá de uma sala de visitas, este entrevistador pergunta o porque de Vila Rica, que durante a resposta recebe um cigarro de Gerson e acende enquanto ouve a resposta, que é finalizada com a frase:
"Por que pagar mais caro se o Vila me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro? Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também, leve Vila Rica!".
Mais tarde, o jogador anunciou o arrependimento de ter associado sua imagem ao anúncio, visto que qualquer comportamento pouco ético foi sendo aliado ao seu nome nas expressões Síndrome de Gérson ou Lei de Gérson. O diretor do comercial, José Monserrat Filho, procurando se eximir de responsabilidade, sustenta que o público fez uma interpretação errônea do seu video: "Houve um erro de interpretação, o pessoal começou a entender como ser malandro. No segundo anúncio dizíamos: “levar vantagem não é passar ninguém para trás, é chegar na frente”, mas essa frase não ficou, a sabedoria popular usa o que lhe interessa". Nos anos 80 começaram a surgir sujeiras, escândalos e a população começou a utilizar o termo "Lei de Gérson".

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