Assim caminha o Paraná
Um artigo do Jornal Gazeta do Povo da edição de domingo, dia
28 de abril de 2013, faz uma análise do comportamento do curitibano ("Política importa, mas eu não me importo",
diz o curitibano, 2013) . A reportagem começa dizendo “Falar é
uma coisa. Fazer é outra. Quando o assunto é política, o curitibano vai bem no
discurso, mas na prática são poucos os cidadãos que participam e acompanham a
vida política na cidade...”.
As explicações podem ser analisadas em detalhes por
cientistas políticos dedicados ao Paraná. Algo bem feito vai lembrar, por
exemplo, que há meio século a Teologia da Libertação estava a pleno vapor e a
polarização ideológica atingindo níveis explosivos, inclusive na capital do
Paraná, o que talvez justifique a declaração do antropólogo da UFPR Carlos
Alberto Balhana relembrando, na reportagem citada, que nos anos 50 a população
brasileira tinha um perfil mais revolucionário.
Décadas de mordaça direta e indireta e a alienação do
endeusamento de outros valores desviram os brasileiros, não apenas os
curitibanos, da militância política.
O resultado é a lógica do vale tudo, explícita na PEC que
procura colocar os parlamentares federais no nível dos intocáveis. Nesse caso
vimos surpresos a relação dos políticos paranaenses (surpresa em relação a uma
minoria) que assinaram essa proposta; que tristeza sentir que gente que
admirávamos “embarcou” nessa monstruosidade antidemocrática.
Um exemplo que pode incomodar os chefes de plantão, contudo,
é a tormenta que poderá existir com mais um degrau tarifário no transporte
coletivo urbano de Curitiba. Seguindo à risca o comportamento que ouvi de um
copeliano em tempos semelhantes, o processo de avaliação das tarifas segue um
caminho 100% formalista e extremamente bem apoiado pela mídia engajada nos
desejos dominantes. Isso incomoda, pois o resultado disso tudo será mais um
custo Paraná e do trabalhador, se tiver emprego.
Questões operacionais e de auditagem real foram desprezadas
[ (A integração
deixará de existir - e como ficam os usuários e o sistema de transporte
coletivo, o que acontecerá no "day after"? , 2013) , (Cascaes, Auditoria URGENTE no sistema de transporte coletivo urbano de
Curitiba - das catracas aos ônibus , 2013) , (Cascaes, Pesadelo operacional se a Integração (RIT) acabar em maio de
2013 na RMC , 2013) , (Perguntas esquecidas , 2013) ].
A sensação que temos é a de que estamos no caminho ilustrado
pela tática do “bode russo” (Cascaes, Evolução do bode russo no transporte coletivo, 2013) . Ou é isso ou
estamos sob um gerenciamento tremendamente ingênuo do transporte coletivo
urbano de Curitiba e da Região Metropolitana.
Fica, entretanto, a tranquilidade das elites poderosas. Como
disse (Kohlbach, 2013) e mostrou através de gráficos não
haverá reação significativa. Essa é uma certeza maior quando entidades que
deveriam atuar com mais firmeza se omitem e o povo simplesmente luta
desesperadamente para subir um degrau na escala do consumismo e conforto.
Todos esquecem que teríamos mais tempo para lazer e cultura
se os custos, preços e juros do que consumimos estivessem em níveis compatíveis
com a realidade econômica e social do Brasil.
Parece que continuamos e reforçamos a mensagem expressa pela
famosa Lei de Gérson [1],
esquecendo que talvez todos estejam perdendo muito mais do que ganhando
vantagens imerecidas.
Cascaes
29.4.2013
Cascaes, J. C. (12 de 4 de 2013). A integração
deixará de existir - e como ficam os usuários e o sistema de transporte
coletivo, o que acontecerá no "day after"? . Fonte: O Transporte
Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia:
http://otransportecoletivourbano.blogspot.com.br/2013/04/a-integracao-deixara-de-existir-e-como.html
Cascaes, J. C. (29 de 3 de 2013). Auditoria URGENTE
no sistema de transporte coletivo urbano de Curitiba - das catracas aos ônibus .
Fonte: O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia:
http://otransportecoletivourbano.blogspot.com.br/2013/03/auditoria-urgente-no-sistema-de.html
Cascaes, J. C. (13 de 4 de 2013). Evolução do bode
russo no transporte coletivo. Fonte: Quixotando:
http://www.joaocarloscascaes.com/2013/04/evolucao-do-bode-russo-no-transporte.html
Cascaes, J. C. (13 de 4 de 2013). Pesadelo
operacional se a Integração (RIT) acabar em maio de 2013 na RMC . Fonte:
Ponderações engenheirais : http://pensando-na-engenharia.blogspot.com.br/2013/04/pesadelo-operacional-se-integracao-rit.html
Kohlbach, K. (28 de 4 de 2013). "Política
importa, mas eu não me importo", diz o curitibano. Gazeta do Povo,
p. 15.
Lima, A. C. (10 de 4 de 2013). Perguntas esquecidas
. Fonte: Engenharia - Economia - Educação e Brasil:
http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/2013/04/perguntas-esquecidas.html
[1] Wikipédia - Na cultura brasileira, a Lei de Gérson é um princípio em que determinada
pessoa age de forma a obter vantagem em tudo que faz, no sentido negativo de se
aproveitar de todas as situações em benefício próprio, sem se importar com
questões éticas ou morais. A "Lei de
Gérson" acabou sendo usada para exprimir traços bastante característicos e
pouco lisonjeiros do caráter midiático nacional, associados à disseminação
da corrupção e ao desrespeito a regras de convívio para a
obtenção de vantagens pessoais.
A expressão originou-se
em uma propaganda de 1976 criada pela Caio Domingues & Associados, que havia sido
contratada pela fabricante de cigarros J. Reynolds, proprietária da marca
de cigarros Vila Rica, para a divulgação do produto. O vídeo apresentava o
meia armador Gérson da Seleção
Brasileira de Futebol como
protagonista.
O vídeo inicia-se
associando a imagem de Gerson como "Cérebro do time campeão do mundo da
Copa do mundo de 70" sendo narrado pelo entrevistador de terno e microfone
em mão, que se passa em um sofá de uma sala de visitas, este entrevistador
pergunta o porque de Vila Rica, que durante a resposta recebe um cigarro de
Gerson e acende enquanto ouve a resposta, que é finalizada com a frase:
"Por que pagar
mais caro se o Vila me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro? Gosto
de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também, leve Vila
Rica!".
|
Mais tarde, o jogador
anunciou o arrependimento de ter associado sua imagem ao anúncio, visto que
qualquer comportamento pouco ético foi sendo aliado ao seu nome nas
expressões Síndrome de Gérson ou Lei de Gérson. O
diretor do comercial, José
Monserrat Filho, procurando se eximir
de responsabilidade, sustenta que o público fez uma interpretação errônea do
seu video: "Houve um erro de interpretação, o pessoal começou a entender
como ser malandro. No segundo anúncio dizíamos: “levar vantagem não é
passar ninguém para trás, é chegar na frente”, mas essa frase não ficou, a sabedoria
popular usa o que lhe interessa". Nos anos 80 começaram a surgir sujeiras,
escândalos e a população começou a utilizar o termo "Lei de Gérson".
Nenhum comentário:
Postar um comentário