quinta-feira, 4 de abril de 2013

O culpado é o mordomo


O culpado é o mordomo
Romances policiais durante um tempo há algumas décadas terminavam culpando o mordomo, de alguma forma ele personificava o mal e livrava as elites dos piores crimes. Filmes mostraram isso com maestria, talvez simplificando e facilitando para pessoas mais apressadas, dispensando-as de lerem centenas de paginas para descobrir o que era óbvio nas charadas da época.
No Brasil estamos nessa situação.
Elegemos prefeitos, vereadores, governadores e os titulares da Presidência da República, gente que deveria ser responsabilizada pelas nomeações feitas. Para evitar grandes penitenciárias, seria funcional colocar essa fileira de réus na mesma situação dos crimes de trânsito, onde nos engavetamentos de veículos o motorista de trás responde pelos danos feitos no carro da frente e seus passageiros.
Não é assim, de alguma forma parte-se do pressuposto que a simples desmoralização é pena suficiente.
Em Santa Maria parecia que teríamos algo diferente. Estranhamente o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul isentou prefeito e governador. Gente que além de nomear diretores, presidentes, comandantes e até delegados conhecia bem o lugar dentro de uma cidade com diversas universidades e, com certeza, especialistas em tudo o que aconteceu, nem o CREA-RS foi indiciado!
“Não sabia”, que situação tragicômica concentrada nessa expressão.
Corrupção, incompetência ou ambas seriam varridas do mapa do Brasil se simplesmente o Poder Judiciário pudesse enquadrar os eleitos.
Vivemos a lógica do Poder de Império de até séculos passados quando a família real era intocável assim como os altos dignitários religiosos.
Na internet temos diariamente manifestações “valentes” e centradas em palavras de ordem inúteis. Nesse sentido merecem leitura alguns livros e vistos filmes que apontamos recentemente em  (Livros e Filmes Especiais). A violência dos poderosos e as reações que provocavam desaguando em revoluções tenebrosas e até recuos comportamentais marcaram a História da Humanidade.
Felizmente evoluímos. Chegou o momento de se refletir seriamente sobre indicações políticas e formação de quadros de administração pública. Evidentemente não sairá dos governantes a proposta de leis que os incriminem. Isso só acontecerá a partir do clique que falta ao nosso povo, de onde, diretamente, deverá sair,  talvez, a reforma política que temos necessidade urgente.
Tragédias até abril deste ano já foram suficientes para demonstrar a tese da impunidade dos eleitos. O julgamento dos sargentos do Mensalão mostrou a vivo e a cores que a ficção da inocência de grandes chefes não se sustentava assim como em desastres técnicos que bons profissionais em qualquer área dos serviços essenciais podem explicar nos mínimos detalhes. Em tudo sente-se a blindagem que é extremamente conveniente aos patrocinadores de campanhas eleitorais, afinal os eleitos formam uma barreira entre a opinião pública e os verdadeiros gangsteres que mandam no Brasil.
Quando focam o crime organizado vem à mente dos brasileiros as tropas de bandidos de pé no chão, e aqueles que só usam jatos executivos?

Cascaes
13.4.2013
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/



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