O culpado é o mordomo
Romances policiais durante um tempo há algumas décadas
terminavam culpando o mordomo, de alguma forma ele personificava o mal e
livrava as elites dos piores crimes. Filmes mostraram isso com maestria, talvez
simplificando e facilitando para pessoas mais apressadas, dispensando-as de
lerem centenas de paginas para descobrir o que era óbvio nas charadas da época.
No Brasil estamos nessa situação.
Elegemos prefeitos, vereadores, governadores e os titulares
da Presidência da República, gente que deveria ser responsabilizada pelas
nomeações feitas. Para evitar grandes penitenciárias, seria funcional colocar
essa fileira de réus na mesma situação dos crimes de trânsito, onde nos engavetamentos
de veículos o motorista de trás responde pelos danos feitos no carro da frente
e seus passageiros.
Não é assim, de alguma forma parte-se do pressuposto que a
simples desmoralização é pena suficiente.
Em Santa Maria parecia que teríamos algo diferente.
Estranhamente o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul isentou prefeito
e governador. Gente que além de nomear diretores, presidentes, comandantes e
até delegados conhecia bem o lugar dentro de uma cidade com diversas
universidades e, com certeza, especialistas em tudo o que aconteceu, nem o
CREA-RS foi indiciado!
“Não sabia”, que situação tragicômica concentrada nessa
expressão.
Corrupção, incompetência ou ambas seriam varridas do mapa do
Brasil se simplesmente o Poder Judiciário pudesse enquadrar os eleitos.
Vivemos a lógica do Poder de Império de até séculos passados
quando a família real era intocável assim como os altos dignitários religiosos.
Na internet temos diariamente manifestações “valentes” e
centradas em palavras de ordem inúteis. Nesse sentido merecem leitura alguns
livros e vistos filmes que apontamos recentemente em (Livros e Filmes Especiais) . A violência dos
poderosos e as reações que provocavam desaguando em revoluções tenebrosas e até
recuos comportamentais marcaram a História da Humanidade.
Felizmente evoluímos. Chegou o momento de se refletir
seriamente sobre indicações políticas e formação de quadros de administração
pública. Evidentemente não sairá dos governantes a proposta de leis que os
incriminem. Isso só acontecerá a partir do clique que falta ao nosso povo, de
onde, diretamente, deverá sair, talvez,
a reforma política que temos necessidade urgente.
Tragédias até abril deste ano já foram suficientes para
demonstrar a tese da impunidade dos eleitos. O julgamento dos sargentos do Mensalão
mostrou a vivo e a cores que a ficção da inocência de grandes chefes não se
sustentava assim como em desastres técnicos que bons profissionais em qualquer
área dos serviços essenciais podem explicar nos mínimos detalhes. Em tudo
sente-se a blindagem que é extremamente conveniente aos patrocinadores de
campanhas eleitorais, afinal os eleitos formam uma barreira entre a opinião
pública e os verdadeiros gangsteres que mandam no Brasil.
Quando focam o crime organizado vem à mente dos brasileiros
as tropas de bandidos de pé no chão, e aqueles que só usam jatos executivos?
Cascaes
13.4.2013
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Livros e Filmes
Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/
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