A tortura e o Brasil
A evolução da Humanidade depende essencialmente na crença de mudanças, tolerância e aperfeiçoamentos comportamentais em todos os setores da vida. Não atingimos a perfeição, assim o fosse estaríamos vivendo muito melhor. Temos facilidades, afinal, apara quem é brasileiro, pode dizer que nascemos numa terra abençoada pelo Grande Arquiteto do Universo. Simplesmente não somos perfeitos.
A radicalização, contudo, é o efeito do medo de perder algo importante ou pela crença em direitos e benefícios imediatos, próximos, futuros e até após a morte. Paradigmas que Freud e Jung explicam melhor do que os ideólogos políticos estimulam diferenças que transformam qualquer aglomeração de pessoas em algo com um risco de conflitos proporcional à dimensão e motivação da reunião.
Na política brasileira vivemos períodos de censura e discursos inflamados, de gente dona da verdade e fanáticos ou bajuladores seguindo o chefe. Os mais velhos devem se lembrar dos tempos em que o Brasil vivia sob debates verbais violentíssimos e permanentes. A não existência da internet transformava em verdade tudo o que se dizia via jornais e revistas, eventualmente o rádio. A radicalização dava colorido, eventualmente do sangue dos fanáticos.
Michel Foucault, Eric Hobsbawm e muitos outros relatam e tentam explicar o que aconteceu nos tempos mais recentes. Hannah Arendt é magistral. Filmes que antropólogos e historiadores produzem em cima de descobertas televisivas demonstram o clima de terror permanente entre seres humanos. Seria necessário?
Evidentemente o ser humano é um animal com seu processo singular de desenvolvimento.
No Brasil tivemos situações especiais, sempre querendo imitar o que acontecia em países mais desenvolvidos. O período Vargas foi isso e ao final dele tínhamos, entre outras coisas, uma proposta alternativa que Leonel Brizola batalhou para implantar no Brasil (Vozes da Legalidade, 2011) sob diversas formas.
O que aconteceu no apavoramento de quem tinha algo a perder e entre pessoas mais ingênuas desejando mudanças rápidas foi a doutrinação e treinamento para, entre outras coisas, a prática da tortura. No lado de cá, a Escola das Américas foi instrumento notório de formação e muitos brasileiros foram enviados para lá aprenderem técnicas e táticas cruéis [ (Escola das Américas), (Relação de militares brasileiros que frequentaram a Escola das Américas (em inglês School of the Americas)(período de 1954 – 1996))]. Do lado oposto existia e se mantém o romantismo em torno da Revolução Cubana, estimulando conflitos que ceifaram a vida de jovens que agora fazem falta. Um exemplo da disposição e influência cubana podemos ver no trabalho (O apoio de Cuba à luta armada no Brasil: o treinamento guerrilheiro). Aliás, esse é o drama, a ingenuidade e paixão de quem não aprendeu que pouco ou nada sabemos da vida e dos seres humanos. Assim vale a pena insistir na leitura de um livro antigo, com alguns vícios de um tempo de transição, mas que propunha antes de tudo paciência e educação para a provável evolução (Humano, Demasiado Humano), principalmente o capítulo V, “Indícios de Civilização Superior e Inferior”.
O que assusta, contudo, é o perigo do sentimento de certezas ideológicas que poderá contaminar nosso povo mais uma vez. Um aspecto positivo é a quantidade imensa de estudos de graça, via internet, a favor e contra qualquer tese. Melhor ainda é sentir o comportamento lúdico do nosso povo, graças ao que conseguimos neutralizar muita coisa.
O lado negativo é a ação de máfias e a degradação da política. Nada é mais perigoso do que acreditar na vida sem liberdade.
Os regimes ditatoriais demonstram inequivocamente a mediocridade de povos que se submetem a líderes carismáticos, devidamente apoiados por ideologias oportunistas. A tortura, os campos de extermínio, o racismo, o fundamentalismo religioso e a violência por detalhes absurdos é o resultado da falta de liberdade de expressão e opções por ações pacíficas, em qualquer lugar do universo.
Cascaes
6.2.2012
colaboradores. (s.d.). Eric Hobsbawm. Fonte: Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Eric_Hobsbawm
Nietzsche, F. (s.d.). Humano, Demasiado Humano (segunda ed.). (A. C. Braga, Trad.) escala.
Relação de militares brasileiros que frequentaram a Escola das Américas (em inglês School of the Americas)(período de 1954 – 1996). (s.d.). Fonte: Documentos Revelados: http://www.documentosrevelados.com.br/nome-dos-torturadores-e-dos-militares-que-aprenderam-a-torturar-na-escola-das-americas/escola-das-americas-estudantes-e-instrutores-do-brasil-periodo-de-1954-1996/
Rollemberg, D. (s.d.). O apoio de Cuba à luta armada no Brasil: o treinamento guerrilheiro. Fonte: Área de História da Universidade Federal Fluminense (UFF): http://www.historia.uff.br/artigos/rollemberg_apoio.pdf
Silva, J. M. (2011). Vozes da Legalidade. Sulina.
Wikipédia, c. d. (s.d.). Escola das Américas. Fonte: Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_das_Am%C3%A9ricas
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