Numa copa do mundo instalaram um telão próximo à sede da
Copel. Em casa fui informado que uma guerra de torcidas acontecia ali e a sede
da empresa estava sendo apedrejada. Pedi ao Oliveira, um motorista valente, que
me levasse para lá. Entreguei-lhe a pistola que levava para responder, se
necessário, a ameaças que recebia pela obra da Usina de Segredo, e passei no
meio da saraivada de pedras (petit pavê) para ficar com os seguranças na
portaria da Copel (Cel. Dulcídio).
Felizmente a Polícia de Choque chegou e dissolveu a “guerra”
prendendo alguns.
Depois de uma avaliação dos estragos contra a Copel
(inúmeros vidros quebrados até o quarto andar) saí para visitar delegacias e
tentar identificar agressores, tarefa praticamente impossível. Naquela época
infelizmente não tínhamos sistemas de filmagem naquela área.
Finalmente visitei a triagem. Nela um cubículo apenas
gradeado mostrava braços desesperados em noite gelada. Ao entrar na sala do
delegado a surpresa. Um mauricinho e seu advogado conversavam do o responsável
de plantão e ele me disse, textualmente: sabe doutor, essa juventude... assim
continuaram tomando cafezinho e desisti de registrar queixa contra os garotos
rebeldes.
No caso Lava Jato existe um clamor entre muitos contra a
ação enérgica do Juiz Sérgio Moro. Seria porque não respeitou privilégios que
escondem até assassinos no trânsito?
O Poder Judiciário e o povo brasileiro: ou a lei é para
todos com todos os seus dissabores, inclusive aparecendo em reportagens
policiais e sofrendo adjetivos da pior espécie ou declaramos a existência de
castas, classes privilegiadas, corte, títulos de nobreza etc. e tratamos esses
grupos de forma diferenciada. Melhor seria uma revisão completa de nossas leis
e padrões de tratamento de suspeitos, delinquentes, assassinos, viciados etc.;
O exercício da Advocacia assim como da Polícia, Promotorias,
Tribunais etc. é sagrado. O que é inadmissível é ver pessoas nitidamente
criminosas e, nesse caso, até prova (frequentemente anulada por qualquer
formalidade desrespeitada) em contrário, serem tratadas de forma diferenciada.
Evidentemente tudo carece de aprimoramentos, é natural. A
prevenção do crime é uma arma perigosa, contudo. Trava tudo e acaba
definitivamente com a privacidade (adotada em portarias de condomínios). A melhor
arma contra a violência e a existência universal de boas escolas, creches,
assistência social etc. e oportunidades de trabalho honesto.
Democraticamente (numa democracia real) podemos e devemos estabelecer
custos e benefícios e decidir; aos governantes cumpre obedecer, fazer cumprir
suas promessas públicas.
Devemos, nesse momento incrível, apoiar irrestritamente o
MPF, Lava Jato, jornalismo investigativo e tudo o que puder servir para fazer
do Brasil um país seguro e respeitável.
Temos o resto da eternidade para refinamentos.
Cascaes
22.3.2016
Em tempo, que maravilha ver os efeitos das delações
premiadas.
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