terça-feira, 22 de março de 2016

O respeito às leis


Numa copa do mundo instalaram um telão próximo à sede da Copel. Em casa fui informado que uma guerra de torcidas acontecia ali e a sede da empresa estava sendo apedrejada. Pedi ao Oliveira, um motorista valente, que me levasse para lá. Entreguei-lhe a pistola que levava para responder, se necessário, a ameaças que recebia pela obra da Usina de Segredo, e passei no meio da saraivada de pedras (petit pavê) para ficar com os seguranças na portaria da Copel (Cel. Dulcídio).
Felizmente a Polícia de Choque chegou e dissolveu a “guerra” prendendo alguns.
Depois de uma avaliação dos estragos contra a Copel (inúmeros vidros quebrados até o quarto andar) saí para visitar delegacias e tentar identificar agressores, tarefa praticamente impossível. Naquela época infelizmente não tínhamos sistemas de filmagem naquela área.
Finalmente visitei a triagem. Nela um cubículo apenas gradeado mostrava braços desesperados em noite gelada. Ao entrar na sala do delegado a surpresa. Um mauricinho e seu advogado conversavam do o responsável de plantão e ele me disse, textualmente: sabe doutor, essa juventude... assim continuaram tomando cafezinho e desisti de registrar queixa contra os garotos rebeldes.
No caso Lava Jato existe um clamor entre muitos contra a ação enérgica do Juiz Sérgio Moro. Seria porque não respeitou privilégios que escondem até assassinos no trânsito?
O Poder Judiciário e o povo brasileiro: ou a lei é para todos com todos os seus dissabores, inclusive aparecendo em reportagens policiais e sofrendo adjetivos da pior espécie ou declaramos a existência de castas, classes privilegiadas, corte, títulos de nobreza etc. e tratamos esses grupos de forma diferenciada. Melhor seria uma revisão completa de nossas leis e padrões de tratamento de suspeitos, delinquentes, assassinos, viciados etc.;
O exercício da Advocacia assim como da Polícia, Promotorias, Tribunais etc. é sagrado. O que é inadmissível é ver pessoas nitidamente criminosas e, nesse caso, até prova (frequentemente anulada por qualquer formalidade desrespeitada) em contrário, serem tratadas de forma diferenciada.
Evidentemente tudo carece de aprimoramentos, é natural. A prevenção do crime é uma arma perigosa, contudo. Trava tudo e acaba definitivamente com a privacidade (adotada em portarias de condomínios). A melhor arma contra a violência e a existência universal de boas escolas, creches, assistência social etc. e oportunidades de trabalho honesto.
Democraticamente (numa democracia real) podemos e devemos estabelecer custos e benefícios e decidir; aos governantes cumpre obedecer, fazer cumprir suas promessas públicas.
Devemos, nesse momento incrível, apoiar irrestritamente o MPF, Lava Jato, jornalismo investigativo e tudo o que puder servir para fazer do Brasil um país seguro e respeitável.
Temos o resto da eternidade para refinamentos.
Cascaes
22.3.2016
Em tempo, que maravilha ver os efeitos das delações premiadas.


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