Crime e castigo
Com certeza não é divertido ver pessoas condenadas à prisão,
mais ainda sabendo como são as penitenciárias brasileiras. Condenações mancham
famílias e destroem crianças, pesam na biografia de qualquer um.
Infelizmente não existe outra maneira de disciplinamento
eficaz, mais ainda quando a tolerância pode ampliar a criminalidade.
No cenário político brasileiro tinha-se a impressão de que
um clima de vale tudo era endossado pelas grandes lideranças nacionais. É
difícil aceitar certos caciques famosos e mal falados mandando mais do que
qualquer outro cidadão honesto. No Congresso Nacional encontramos pessoas no
mínimo suspeitas com poderes para fazer leis e ditar caminhos para o Governo
Federal.
O ambiente criado em torno do exercício da política no
Brasil é motivo de críticas, piadas, charges, comédias etc. que nos
envergonham.
A culpa é do eleitor, será? Quais são as opções que nosso
processo eleitoral viabiliza? Que democracia é esta? Os partidos têm recursos
do contribuinte, as emissoras descontam do Imposto de Renda o tempo usado no
horário eleitoral, candidatos à reeleição comandam assessores pagos pelo povo,
a mídia é acima de tudo eletrônica, precisam de dinheiro adicional? Será que os
corruptores já se acostumaram e ganham muito patrocinando políticos?
O Mensalão está sendo minuciosamente estripado. O STF,
fazendo o papel de Instituto Médico Legal, analisa publicamente o que as
investigações surpreendentes nesse mundo de impunidades geraram a denúncia apresentada.
Teremos muitas pessoas punidas.
Vale a pena?
Quando aos poucos descobrimos quanto dinheiro foi gasto para
comprar apoios venais (Os segredos do Mensalão, 2012) e tentando descobrir
a origem dessa cornucópia maldita ganhamos a certeza de que por bem ou por
outra forma de ação o Brasil precisa mudar e concluímos pela extrema
importância desse processo (AP470, 2012) .
Felizmente nosso povo é tropical, vive num país que oferece oportunidades de
trabalho e lazer erodindo fanatismos e atos heroicos. Tudo tem limites,
contudo, devemos e podemos mudar para melhor, nossos filhos e netos merecem
esse esforço.
O Poder Judiciário, o sistema de vigilância e o policiamento
não prendem e condenam todos os corruptos e corruptores, mas se prenderem e
julgarem exemplarmente os criminosos que alcançarem estarão inibindo muitos
outros em potencial.
Para os brasileiros mais esclarecidos não existem muitas
dúvidas sobre quem deveria estar no banco dos réus, mas o que está acontecendo
é por si só didático e surpreendente.
A gravidade do Mensalão está na sua origem e resultados. Se
fosse levado ao pé da letra invalidaria todas as leis aprovadas enquanto
existiu. O caso Carlinhos Cachoeira é o outro espaço de degradação de nossas
instituições. Ao que parece existia uma enorme quadrilha da qual o homem
símbolo “Carlinhos Cachoeira” é apenas o bode expiatório fácil de bater.
Nesse caso a polícia e o Ministério Público, se puderem
agir, provavelmente descobrirão um processo de cooptação que vem de longe.
Temos agora esperanças, parabéns ao STF, em especial ao
relator (Ministro
Joaquim Barbosa e o STF) e ao Procurador Geral da União (ROBERTO MONTEIRO GURGEL SANTOS - PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, 2012) .
Cascaes
23.9.2012
AP470. (23
de 9 de 2012). Fonte: MPF: http://noticias.pgr.mpf.gov.br/noticias/ap470
ROBERTO MONTEIRO GURGEL SANTOS - PROCURADOR-GERAL DA
REPÚBLICA. (23 de 9 de 2012). Fonte:
Ministério Público Federal:
http://www.pgr.mpf.gov.br/conheca-o-mpf/procurador-geral-da-republica/sobre-o-atual-pgr
Ministro Joaquim Barbosa e o STF. (s.d.). Fonte: Sangue Verde-Oliva+:
http://www.sangueverdeoliva.com.br/novo/index.php?option=com_content&view=article&id=600:acorda&catid=10:acorda&Itemid=54
Rangel, R. (19 de setembro de 2012). Os segredos do
Mensalão. Veja, 62 a 67.
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