domingo, 2 de setembro de 2012

A moralização do processo político


A moralização do processo político
Uma postura que precisa ser corrigida é a de aceitação de nossas leis. Nossa democracia não é imune a defeitos que descobrimos até em nações desenvolvidas do “Primeiro Mundo”, mas o deboche das cortes existentes em relação ao povo em geral atingiu níveis extremos, colocando em dúvida nossas instituições mais sagradas.
Um país com dimensões continentais e diversidade enorme precisa ter um povo unido, um mito de existência. A crença na liberdade, na democracia e nos três poderes da República é algo que pode unir ou fragmentar o Brasil, se o seu povo perder esperanças.
Infelizmente diante de desafios de moralização algumas lideranças e ocupantes de cargos que deveriam estar acima de qualquer suspeita cometeram deslizes inacreditáveis ao longo desses últimos anos. A desesperança tomou conta de nossas convicções, levando-nos a imaginar soluções ou simplesmente esquecer o que acontece entre um escândalo e outro.
Parece que estamos mudando, que vamos a partir do julgamento do Mensalão ter um novo Brasil. Essa é a visão de especialistas e de brasileiros em geral, descobrindo que os donos do poder podem sentar no banco dos réus e, apesar de gastarem muito com advogados de primeira linha, receberem sentenças que deverão inibir fatos semelhantes na União, estados e municípios. Cria-se jurisprudência e aumenta tremendamente a fé no Poder Judiciário.
É triste ver pessoas que pareciam ser capazes de bom governo serem condenadas dessa forma, mas erraram feio e agora merecem o que ouvem.
Com certeza estamos longe dos principais líderes. O poder de alguns assusta e recomenda um processo que esperamos vir a ser gradativo, varrendo para detrás das grades os maiores responsáveis, ou, pelo menos, vacinando o povo contra a demagogia que distraia nossa gente.
O mensalão é apenas um dos muitos casos a serem analisados com profundidade, se não pelo Poder Judiciário, teremos nas próximas décadas tempo para explicar muita coisa com dados e fatos ao longo de nossa história recente.
A sensação é que o Brasil foi mobilizado para desviar a atenção de todos e facilitar articulações. Greves inexplicáveis causam um prejuízo colossal ao país, é o preço dessa revolução ética que o STF promove.
Corruptores e corrompidos precisam perder poder. Há muito a ser feito, principalmente na inibição de atos ilícitos a partir dos verdadeiros poderosos da nação, escondidos em seus gabinetes longe de Brasília. Na política é urgente o financiamento público, explícito e transparente de campanhas e a reforma do processo eleitoral, talvez adotando pouco a pouco a democracia direta, sem intermediários.
Estamos ganhando fé no Brasil por sentenças, votos e estratégias do STF. Esse processo de tratamento intensivo marcará a história do Brasil e servirá de exemplo a muitas nações que tendem acintosamente para comportamentos estranhos. Se o Brasil tiver capacidade de servir de modelo para a América Latina muitos “Hermanos” devem estar comparando atitudes e talvez iniciando um processo de reversão do desmonte da democracia em seus países...
A grande mensagem é que num país democrático e livre ninguém está acima das leis aprovadas regularmente. As estratégias de criação de brasileiros acima da lei esbarraram na Procuradoria Geral da União e no STF, ufa!
Cascaes
30.8.2012

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