Mudanças e lideranças
O povo brasileiro vive um drama de consciência colossal, entronizou
pessoas que falharam demais, mentiram e abusaram de recursos lícitos e talvez
ilícitos para se elegerem ou reelegerem, um equívoco (?) catastrófico, como
descobrimos ao final de 2014 e início deste ano. Os aposentados que o digam...
Prioridades? tudo indica que na maioria dos casos foi
simplesmente a conquista do Poder a qualquer preço. Talvez o que sonhavam
escape de suas mãos, afinal até a Copa do Mundo que parecia deles escapou por 7
a 1.
Razões para essa tragédia grega coletiva aconteceram por efeito
de muitos azares e vícios, alguns realmente surpreendentes, tais como as
dificuldades da Argentina graças à atuação de especuladores maldosos
norte-americanos e a má administração interna (rotina), outras marolas
estrangeiras (império da especulação sem freios), uma estiagem muito rara e
fortíssima (um livro que merece leitura (1) ), atraso de obras
vitais viabilizando uma especulação feroz no Setor Elétrico (modelo
institucional mercantilista para um serviço essencial), o crescimento e
fortalecimento de corporações sem limites no Brasil (marajás?) e a forma
caótica de gerenciamento em todos os níveis das muitas unidades e escalões (no
aumentativo, normal e diminutivo) da República assim como agora a demonstração
inequívoca da simbiose cancerosa entre grandes empresas e políticos de aluguel.
Aconteça o que for via inquéritos e processos não existe mais dúvida entre os
brasileiros de que foram lesados dolosamente em prosa e verso.
O modelo político existente e a tremenda burocratização das
atividades humanas no Brasil se transformaram em solo fértil para essa praga
que a Operação Lava Jato mostra com extrema competência e pavor de muita gente
“boa”.
O desafio agora é corrigir dentro das nossas leis, por
piores que sejam, vencer os anos que faltam para as próximas eleições e
acreditar na evolução cívica de nosso povo. A degradação ética contaminou até
lideranças que há alguns anos eram a nossa esperança, confiar em quem? Podemos
pensar em “revolução pacífica” (2) ? Quem seria capaz de
conduzi-la? Vale a pena?
E as manifestações?
São necessárias e graças às redes sociais podemos saber o
que muitos brasileiros pensam sem intermediários. Com certeza os donos do Poder
estão criando fatos, eventos, notícias dispersivas, para isto existe a mídia
comercial que depende visceralmente de patrocínios... Paralelamente sentimos um
esforço internacional de inibição das mídias sociais, elas são uma avenida para
o conhecimento de detalhes constrangedores aos poderosos.
Precisamos, contudo, dar um tempo para sentir a reação
concreta de nossos governantes e acreditar no Poder Judiciário.
O que mais precisa acontecer?
Ninguém é santo ou demônio, o maniqueísmo é uma doença
comportamental perigosa e o açodamento poderá simplesmente desmontar o
Brasil. Temos dificuldades, parece,
entretanto, que gradativamente o Governo Federal, pelo menos ele, poderá
corrigir alguns de seus vícios e superar dificuldades que ainda teremos
adiante.
O que realmente será de imenso valor para o Brasil?
Precisamos de um estadista [ (3) , (4) , (5) ],
um político que se metamorfoseie em diplomata e gerente eficaz desse imenso
espaço de brasileiros mais e mais divididos e revoltados. Isso é possível. Ao
longo da história das grandes nações encontramos lideranças que cresceram e
venceram situações gravíssimas, apesar de biografias precedentes altamente
negativas.
Tudo indica que no Palácio Alvorada a Presidência sentiu o
peso das manifestações populares e de inúmeras entidades que se atreveram a
mostrar a cara. Nossa esperança é que esse exemplo seja irradiado para o
Congresso Nacional e outros poderes explícitos ou não. Em alguns estados e
municípios as correções poderão ser mais enérgicas, o fundamental é que o
Brasil não descambe para guerras e conflitos (padrão torcida organizada) violentos
que todos sabem como começam mas são incapazes de prever o futuro. Afinal o ser
humano é o que é (6) .
Erramos, agora vamos ter que conviver com uma seleção mal
formada até que dentro das regras democráticas e sem perda do que conquistamos
com tantas dificuldades: a Liberdade de ser, falar, estar, etc. tenhamos tempos
e lideranças melhores.
Regimes de exceção podem ser bons durante um tempo, mas
normalmente deseducam e promovem retrocessos perigosíssimos, isso sem falar da
reação internacional a qualquer descontinuidade democrática no Brasil.
Felizmente chegamos a um nível intelectual que viabiliza
ideais de liberdade, fraternidade e igualdade, não podemos retroceder querendo
fazer em meses o que não realizamos desde que o Brasil foi inventado pelos
portugueses.
Cascaes
11.4.2015
1. Lhosa, Mario Vargas. A guerra do fim do
mundo. Livros e Filmes Especiais. [Online]
http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2014/08/a-guerra-do-fim-do-mundo.html.
2. Sharp, Gene.
Documentário 'Como Iniciar uma Revolução' | Completo e Legendado. Procurando
Saber, Entender, Aprender Filosofia, História e Sociologia - SEM CENSURA. [Online]
http://querendo-entender-filosofia.blogspot.com.br/2015/03/documentario-como-iniciar-uma-revolucao.html.
3. CORREIA, PEDRO.
a diferença entre um estadista e um político. DN GENTE. [Online] 10 de 2
de 2011. http://www.dn.pt/gente/interior.aspx?content_id=1787704.
4. Soares, Luiz
Eduardo. “Um estadista não emerge da chama das ruas, forma-se ao longo da
vida”. [Online] http://www.luizeduardosoares.com/?p=1130.
5. Estadista. Wikipédia.
[Online] [Citado em: 2015 de 4 de 11.]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estadista.
6. Nietzsche,
Friedrich. Humano, demasiado Humano. [Online]
http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2012/01/humano-demasiado-humano.html.
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