sexta-feira, 8 de março de 2013

Demonização dos trabalhadores do transporte coletivo urbano


PREFEITO ELEITO, CONCESSIONÁRIO SATISFEITO.

Fonte:http://fureotubo.wordpress.com/

Como sempre, a prefeitura repete a fórmula: audiência pública em espaço apertado e culpabilizações para o aumento da passagem. Desta vez, requentando a estratégia, a idéia é demonizar os trabalhadores do transporte coletivo, que no momento, buscam não apenas corrigir perdas históricas, mas também acompanhar os aumentos da passagem aplicados por seus patrões na tarifa, segundo a própria URBS.
Prefeitura e grandes grupos de comunicação questionam a reivindicação de 30% dos trabalhadores, sem questionar o aumento demandado pelos concessionários, inconsistências de planilhas, etc..
Entendemos que a reivindicação poderia ser até maior, pois condições de frio, ausência de sanitários e riscos de vida justificam adicionais de periculosidade/insalubridade suplantando o valor de 30% pleiteado.
É provável também que os trabalhadores do transporte tenham finalmente enxergado que não há absolutamente razão alguma para permitirem que seus baixos salários sejam onerados, já que a única função dos patrões é montar redes de influência na elite político-partidária e judiciária do estado.

Entenda como funcionam os riscos e benefícios deste NEGÓCIO, que é o SEU DIREITO DE IR E VIR:

COMPARATIVO DE DIREITOS E RESPONSABILIDADES
TRABALHADORES            CONCESSIONÁRIOS GANHOS
Possuem salário baixo e concorrem com outros trabalhadores desempregados.
                Ganharam licitação pedindo o valor máximo possível, absolutamente sem concorrentes.

CORREÇÃO NOS GANHOS           Em termos de salário, jamais ganham o que pedem.     Em
termos de repasse ou “tarifa técnica”, o que pedem, ganham. Inclusive já estão ganhando os R$ 3,05 que pediram, gerando rombo no orçamento municipal e ameaçando integração com região metropolitana.
ACIDENTES         Em acidentes, como no caso da tragédia da Tiradentes, o
motorista pode ser preso ainda ferido e em estado de choque.              Em
acidentes, como na tragédia da Tiradentes, até hoje não houve responsabilização dos concessionários.

ESTABILIDADE   Não possuem estabilidade no emprego, podendo ser demitidos a
qualquer momento.      Possuem estabilidade: o contrato da última licitação é
para até 25 anos.

PARALIZAÇÕES                Quando fazem greve, são multados pelos nobres juízes e
promotores da sociedade paranaense.                Não há qualquer responsabilização/
penalização pela greve de seus funcionários, já sendo vista pela população como LOCKOUT proposital, para forçar os aumentos.

PREJUÍZOS         Assumem responsabilidades: prejuízos com assaltos (isso quando
sobrevivem) ou fura tubos, são muitas vezes cobrados dos trabalhadores.
                Não assumem responsabilidades: sequer pela compra de equipamentos se resposabilizam, acusando a URBS como culpada por terem comprado vários ônibus que não cabiam na canaleta.

AUMENTO DA VELOCIDADE E FATURAMENTO                 Não assinaram o contrato da licitação
fraudulenta que aumentou a velocidade média dos veículos, mas sofrem
penalização por atrasos.              Sem consulta aos trabalhadores do sistema,
assinaram unilateralmente com a URBS o contrato da licitação fraudulenta, prevendo aumento da velocidade média, para aumentrar faturamento sem aumentar frota.

A boa notícia é que a autogestão nunca esteve tão próxima!

ESTÁ BASTANTE CLARA A DEMONSTRAÇÃO DE QUE O TRANSPORTE COLETIVO DE CURITIBA É VITUALMENTE OPERADO POR UMA COOPERATIVA DE TRABALHADORES, TODAVIA, SUJEITA À PRESSÃO DIRETA DA CONTRATANTE URBS E AOS RISCOS DA CONTRATAÇÃO.

Qual a função dos empresários que já ocupam o posto há décadas????

A resposta é simples: possuir os ônibus e garagens e com isso onerar a tarifa e a mão de obra operacional.
Como resolver isso?
Para a posse dos ônibus, a solução é simples: FROTA PÚBLICA.
Como?
A prefeitura pode utilizar parte do dinheiro da PPP do METRÔ CURITIBANO que ela quer empurrar-nos guela abaixo: de fato, como já dissemos, os 3 BI do projeto METRÔ CURITIBANO serviriam para adquirir a frota e ainda sobraria muito, mas muito mesmo! O suficiente para subsidiar anos de passe livre.
E a mão de obra?
Cooperativa, afinal já é o que eles são.
E o controle?
Conselhos paritários!
Mas e ainda daria para fazer passe livre?
Sim, com recursos da oneração progressiva do iptu.

Calma. Sem dúvida sabemos que não é tão simples assim, mas temos certeza de que podemos caminhar nesta direção desde já, através da frota pública, evitando-se, de quebra, mais uma PPP nas costas do cidadão brasileiro.

No mais, a audiência pública foi enorme avanço popular. Data desde a ditadura militar ausência de debate público oficial em Curitiba sobre a matéria. As numeráveis e relevantes falas das diferentes entidades, surpreendentemente, em conssonância programática foi o destaque principal.
O sindicato dos trabalhadores do transporte coletivo lúcido na denúncia de fraude nas planilhas, compreendendo a impotância das gratuidades serem subsidiadas pelas empresas e não pelos usuários bem como greve da categoria como instrumento de pressão e denúncia das condições precárias de trabalho e sugestão de catraca livre para não prejudicar a população.
Entidades como Dieese e outras que acompanham de perto a ‘caixa preta da URBS’ e a diminuição de usuários do transporte coletivo, graças aos preços absurdos, também se opuseram à questão do reajuste. Houve até militantes de partidos que defenderam frota pública, passe livre universal, amplo e irrestrito com oneração pelo IPTUprogressivo como forma de subsídio para o transporte tornar-se público efetivamente.

Todas essas intervenções trazem consigo em uníssono grito as antigas pautas defendidas pelo MPL. Foi a primeira vez que participamos de um debate onde a pulverização do programa de mobilidade urbana sustentável à população como um todo, foi abarcado de maneira tão ampla por diferentes entidades.

Esperamos que este seja o início de uma nova era para o transporte na Região Metropolitana e em Curitiba. Já é passada hora do fim da mercantilização do transporte coletivo.

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