Um livro que
diz muito
O processo
político brasileiro, seu nascimento e evolução, já merecem excelentes livros
que qualquer pessoa interessada na história desse país tem como comprar e ler
com atenção. A multiplicação de mestres
e doutores em Política, Sociologia e História viabiliza um arsenal de documentos
de extremo valor, mais ainda quando os latino-americanos vivem uma fase de
idolatria a líderes carismáticos e irresponsáveis.
O Brasil é
muito grande para facilitar a vida de poderosos chefões, a evolução cultural
dificulta mais ainda essa vocação de grupos de poder que há séculos mandam no
mundo e aqui, principalmente em tempos recentes, quando “deitaram e rolaram”
com o apoio das elites políticas que nos enganaram em prosa e verso.
Com certeza
uma luta subterrânea acontece na esperança de se aproveitar multidões de
ignorantes funcionais, antes que descubram como são logrados pelos seus ídolos.
O escândalo
provocado pelos mensaleiros é a ponta do iceberg de tradições impublicáveis na
política brasileira. Definições de comportamentos e limites justos e
necessários precisam de momentos midiáticos e de forte comoção social para
estabelecerem limites. Assim, justo ou injusto, o julgamento dos responsáveis
(alguns) pelo Mensalão é de extrema importância para o futuro do Brasil.
O livro (Mensalão - O julgamento do maior caso de corrupção
da história política brasileira, 2012) talvez erre por
considerar esse o maior caso de corrupção da política brasileira, tivemos situações
recentes que ainda carecessem de análise, como, por exemplo, o poder da
agiotagem que drenou dos brasileiros uma fábula de dinheiro no pagamento de
juros absurdos por tantos anos. Vale descobrir, por exemplo, nesse livro “Mensalão”
como a criação do “Empréstimo Consignado”, absurdamente caro, foi usado de
forma escandalosa.
Maravilhosamente
o Supremo Tribunal Federal não respeitou padrinhos políticos e muitos de seus
ministros fizeram declarações e julgamentos de valor antológicos. Não transcrevemos
para não furar curiosidades, pois é de máximo valor que todos leiam o que o
livro citado descreve e transcreve com muito cuidado. A cronologia dos fatos é
importante e a proximidade dos eventos, que talvez até o final deste ano
encerrem esse processo, torna a leitura um dever de cada brasileiro preocupado
com o futuro de seu país.
O futuro da
democracia e os direitos fundamentais do ser humano estão em perigo. Pressões fortíssimas
para a adoção de um estado fascista ou socialista da pior espécie estão em
curso. O poder embriaga e o discurso dos mil anos de poder aparece sem qualquer
pudor.
A organização
política do Brasil passa longe, ainda, de ser realmente democrática. Na junção
de interesses dos mais fortes vale tudo...
Crises nacionais
e internacionais abrem os olhos da humanidade para falhas recorrentes, lógicas
perversas e a miséria material, cultural e geral até em países que estariam
melhores do que o Brasil.
Felizmente o
Brasil é um país espantosamente rico. Isso significa, mais uma vez, o império
de nações militarmente mais poderosas sobre nossos interesses. Aliás, o livro (Gomes, 2010) ,
além de dar detalhes da fuga da Corte Portuguesa para o Brasil, demonstra como
a decadência da monarquia portuguesa e a sagacidade dos ingleses consolidaram a
influência de Londres sobre o Rio de Janeiro.
Continuamos
submissos aos poderosos eventualmente residentes no Brasil e a partidos políticos
feitos para a perpetuação de elites que se acostumaram às facilidades do poder.
O mundo não
acabou em 2012. No início de 2013 quase desaparecemos graças a um asteroide que
passou raspando a Terra, enquanto um meteorito “veio de banda” sobre o oceano,
quase provocando uma enorme tragédia. Pior que o meteorito, entretanto, são os
políticos e fanáticos que estão no comando de muitos países.
No Brasil
parece que ainda estamos livres do fanatismo, apesar da canja que damos a
grupos que sustentam a “mídia livre”.
Nunca foi
tão importante o exercício da cidadania. Bons livros, debates sobre a arte de
governar e foco no futuro do Brasil deve ser a tônica de quem faz mais do que
hastear a bandeira brasileira e cantar o hino nacional...
Cascaes
3.3.2013
Gomes, L. (2010). 1808 - Como uma rainha louca, um
príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História
de Portugal e do Brasil. Planeta.
Villa, M. A. (2012). Mensalão
- O julgamento do maior caso de corrupção da história política brasileira.
Leya.
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