domingo, 3 de março de 2013

Bons livros e a "democracia brasileira"


Um livro que diz muito
O processo político brasileiro, seu nascimento e evolução, já merecem excelentes livros que qualquer pessoa interessada na história desse país tem como comprar e ler com atenção.  A multiplicação de mestres e doutores em Política, Sociologia e História viabiliza um arsenal de documentos de extremo valor, mais ainda quando os latino-americanos vivem uma fase de idolatria a líderes carismáticos e irresponsáveis.
O Brasil é muito grande para facilitar a vida de poderosos chefões, a evolução cultural dificulta mais ainda essa vocação de grupos de poder que há séculos mandam no mundo e aqui, principalmente em tempos recentes, quando “deitaram e rolaram” com o apoio das elites políticas que nos enganaram em prosa e verso.
Com certeza uma luta subterrânea acontece na esperança de se aproveitar multidões de ignorantes funcionais, antes que descubram como são logrados pelos seus ídolos.
O escândalo provocado pelos mensaleiros é a ponta do iceberg de tradições impublicáveis na política brasileira. Definições de comportamentos e limites justos e necessários precisam de momentos midiáticos e de forte comoção social para estabelecerem limites. Assim, justo ou injusto, o julgamento dos responsáveis (alguns) pelo Mensalão é de extrema importância para o futuro do Brasil.
O livro (Mensalão - O julgamento do maior caso de corrupção da história política brasileira, 2012) talvez erre por considerar esse o maior caso de corrupção da política brasileira, tivemos situações recentes que ainda carecessem de análise, como, por exemplo, o poder da agiotagem que drenou dos brasileiros uma fábula de dinheiro no pagamento de juros absurdos por tantos anos. Vale descobrir, por exemplo, nesse livro “Mensalão” como a criação do “Empréstimo Consignado”, absurdamente caro, foi usado de forma escandalosa.
Maravilhosamente o Supremo Tribunal Federal não respeitou padrinhos políticos e muitos de seus ministros fizeram declarações e julgamentos de valor antológicos. Não transcrevemos para não furar curiosidades, pois é de máximo valor que todos leiam o que o livro citado descreve e transcreve com muito cuidado. A cronologia dos fatos é importante e a proximidade dos eventos, que talvez até o final deste ano encerrem esse processo, torna a leitura um dever de cada brasileiro preocupado com o futuro de seu país.
O futuro da democracia e os direitos fundamentais do ser humano estão em perigo. Pressões fortíssimas para a adoção de um estado fascista ou socialista da pior espécie estão em curso. O poder embriaga e o discurso dos mil anos de poder aparece sem qualquer pudor.
A organização política do Brasil passa longe, ainda, de ser realmente democrática. Na junção de interesses dos mais fortes vale tudo...
Crises nacionais e internacionais abrem os olhos da humanidade para falhas recorrentes, lógicas perversas e a miséria material, cultural e geral até em países que estariam melhores do que o Brasil.
Felizmente o Brasil é um país espantosamente rico. Isso significa, mais uma vez, o império de nações militarmente mais poderosas sobre nossos interesses. Aliás, o livro (Gomes, 2010), além de dar detalhes da fuga da Corte Portuguesa para o Brasil, demonstra como a decadência da monarquia portuguesa e a sagacidade dos ingleses consolidaram a influência de Londres sobre o Rio de Janeiro.
Continuamos submissos aos poderosos eventualmente residentes no Brasil e a partidos políticos feitos para a perpetuação de elites que se acostumaram às facilidades do poder.
O mundo não acabou em 2012. No início de 2013 quase desaparecemos graças a um asteroide que passou raspando a Terra, enquanto um meteorito “veio de banda” sobre o oceano, quase provocando uma enorme tragédia. Pior que o meteorito, entretanto, são os políticos e fanáticos que estão no comando de muitos países.
No Brasil parece que ainda estamos livres do fanatismo, apesar da canja que damos a grupos que sustentam a “mídia livre”.
Nunca foi tão importante o exercício da cidadania. Bons livros, debates sobre a arte de governar e foco no futuro do Brasil deve ser a tônica de quem faz mais do que hastear a bandeira brasileira e cantar o hino nacional...

Cascaes
3.3.2013
Gomes, L. (2010). 1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil. Planeta.
Villa, M. A. (2012). Mensalão - O julgamento do maior caso de corrupção da história política brasileira. Leya.




Nenhum comentário: