sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
Mais impostos? São justos e necessários?
Impostos e democracia
O Estado, a comunidade em geral precisa de muitos serviços cuja qualidade dependerá de muitos fatores, sendo o principal a qualidade gerencial par e passo com a ética entranhada na cultura de seu povo.
Para administrar existem escolas e cursos nacionais e internacionais de boa qualidade; a questão cultural, entretanto, é mais complexa e exige muito tempo, muito mesmo, para evoluir e atingir bons padrões. Esse processo pode ser acelerado. A Segunda Guerra Mundial teve um efeito positivo sobre muitos países que destruiu e seus sobreviventes reconstruíram suas pátrias com padrões melhores. Após esse período, para demonstrar a importância da liberdade, os países da esfera soviética fizeram o caminho contrário, ou melhor, seus habitantes continuaram alheios a doenças endêmicas das ditaduras (corrupção, incompetência, alienação, violência), algo que ficou mais do que evidente após a abertura democrática, quando, despreparados para o exercício público, seus países em muitos casos, caíram nas mãos do crime organizado com padrões que só eles podem explicar. A transição foi intempestiva e o resultado nós podemos ver em reportagens específicas.
No Brasil tivemos períodos ditatoriais explícitos ou bem camuflados após a proclamação da República. O resultado da implantação da democracia sem vontade popular, de cima para baixo, do Realengo para o resto do país, foi desastroso. Em muitas unidades da federação caudilhos e elites extremamente ricas souberam manobrar com relativa maestria a vontade popular, compensando falhas de empatia com exércitos de acólitos e em muitos casos simplesmente fraudando processos eleitorais. Entre os militares, diferenças e vaidades geraram conflitos violentos e prejuízos imensos ao país.
No Brasil atual estamos vivenciando um tipo de democracia e administração que merecerá no futuro inúmeros estudos. É boa ou má? Competente ou prestidigitadora? É o que de melhor podemos ter?
Estivemos entre vereadores e amigos na Câmara Municipal de Curitiba filmando e tentando ouvir os discursos de seus vereadores (a surdez é um pesadelo). Gravamos discursos, exceto o último do líder da maioria (a bateria acabou). Críticas duras foram feitas à administração municipal, elogios? Não ouvimos. O principal argumento dos defensores da elevação de impostos foi a alegação de falta de recursos, será (1)?
Durante a Copa do Mundo sobraram recursos, parece que mal aplicados. Diante da expectativa gerada, perdemos de 7 a 1.
Pelo noticiário nacional e viagens pessoais vamos descobrindo obras mal feitas, inacabadas, inoportunas se olharmos em volta e sentirmos que os habitantes de muitas cidades sede da Copa carecem de tudo e precisam desesperadamente de bons serviços essenciais, escolas, creches, segurança permanente etc. e bons administradores públicos.
Maldosamente criamos a expressão “O Governo paga”. Paralelamente a frase “Não reaja” e finalmente o rótulo de quase terroristas aos manifestantes de junho de 2013. Qual é o resultado de tudo isso?
A operação Lava Jato e o inquérito sobre obras, máquinas e serviços do metrô de São Paulo ilustram o nível de degradação a que chegamos. Talvez tudo isso seja o zênite, o fundo do poço de onde só temos um caminho, sair dele. O essencial é acreditar na liberdade e na capacidade dos brasileiros que agora tem infinitamente mais escolas que na década de 50 do século passado, talvez um período de reflexões e estímulo a ações que geraram o que aconteceu depois (atos e situações boas e más), com todos os seus defeitos criando um Brasil novo, ainda inculto e moleque, mas evoluindo.
Brasileirinhos e brasileirinhas são a nossa esperança, talvez quando adultos revertam a lógica do aumento dos impostos que sobem para compensar a falta de qualidade na administração do Brasil, dos estados e seus municípios.
Cascaes
11.12.2014
1. Cascaes, João Carlos. Impostos e qualidade das administrações. Perguntar não ofende - Pode incomodar. [Online] 10 de 12 de 2014. .
Postado por
relatar atividades culturais e reuniões da Academia de Letras José de Alencar - ALJA
às
07:31
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