O tempo passa e a Humanidade evolui, o Brasil também.
O progresso ético, cultural, social e político da Humanidade
é um processo contínuo, com avanços e recuos. Com certeza milhões de pessoas na
década de trinta do século 20 não imaginavam que o racismo, a xenofobia e
paixões pelas guerras reverteriam em nações apaixonadas pelos seus ancestrais. O
mundo se dividia entre as ideologias (Arendt, As Origens do
Totalitarismo, 2007) nazifascistas, o pior socialismo
possível na União Soviética, um sistema capitalista selvagem apesar dos
esforços de moderação de algumas lideranças notáveis e derivativos. Tudo levou
dramaticamente à Segunda Guerra Mundial, aos gulags, guerras civis, holocaustos
e à manutenção de culturas perversas milenares.
No Brasil tínhamos um ambiente ruim, pois, como podemos
agora estudar em detalhes em muitos livros excelentes, partíramos de cenários
mais atrasados, graças a “riquezas” que demandavam o trabalho escravo.
Em tudo a criação de leis e a aplicação do que determinavam
eram e agora, mais do que nunca, um termômetro dos inestimáveis ideais de
liberdade, igualdade e fraternidade.
Justiça (Sandel, 2013) , direitos iguais e
respeito ao próximo dependem visceralmente de cultura e civismo[1].
O Poder Judiciário no império de leis humanas sempre foi o
grande indicador de civilidade e cidadania. Isso representou padrões de
tribunais, cadeias, campos de concentração, polícias e paredões de fuzilamento,
exílio etc.
Com todos os defeitos possíveis a Justiça é essencial,
queremos sempre o amparo de regras boas ou más, mas explícitas, sujeitas ao
nosso discernimento.
Aqui o Processo do Mensalão, longe de ser um julgamento dos
envolvidos, reabriu a esperança de leis iguais para todos os brasileiros. Infelizmente
foi capitalizado politicamente. De qualquer maneira deve ter sido decisivo para
o mês inesquecível de junho de 2013. Mais uma vez um fato político espetacular
e popular é submetido à máfia da mídia e de partidos políticos que se perde em
programas degradantes para distrair o povo. O medo dos poderosos deve ter
chegado ao nível do apavoramento.
A corrupção no Brasil contaminou a democracia a ponto de em
conversas com políticos veteranos eles mostrarem claramente que é inevitável, não
no ponto de vista deles, sempre qualificando seus esquemas como sendo inerentes
à atividade política, portanto justos à medida que refletem nossa capacidade de
alienação e cooptação assim como a satisfação de elites que se consideram donas
do Brasil.
A Natureza, entretanto, demonstra os efeitos dos carteis, do
consumismo e de lógicas transversas de progresso. Ou seja, nunca foi tão
importante a honestidade em todos os sentidos e coragem da verdade (ver livros e
filmes de Michel Foucault (Cascaes) ). Nós, brasileiros,
não aguentamos mais os efeitos de lógicas egoístas de gerenciamento do nosso país.
Isso tudo é perceptível por legisladores, administradores e
juristas conscientes. É a esperança de evolução.
2014 promete ser um ano complexo. O Brasil e seu povo
poderão avançar ou recuar no caminho sonhado pelas melhores cabeças. O cenário
está montado para muitos caminhos. Isso acontece, principalmente, graças à
liberdade extrema das redes sociais, não sem razão assustando os donos do Poder
[ (Cinco anos
após sua criação, Marco Civil da Internet será votado nesta semana na Câmara
dos Deputados , 2014) , (Marco Civil da Internet deve ser votado nesta terça;
veja o que muda, 2014) , (Mídia: Internet chegará ao 1º lugar, 2014) ].
Devemos ser otimistas e acreditar na evolução (Para Cardozo,
é preciso repensar a separação dos poderes, 2014) apesar das dúvidas
em torno do “Marco da Internet”.
Sendo nacionalistas, apaixonados pelo Brasil, fazendo parte
da torcida organizada pelo futuro sadio de nossa Pátria precisamos até lembrar
outros brasileiros que mais cedo ou tarde a Justiça no Brasil será mais
enérgica, enquadrando principalmente aqueles que desmoralizam nossa gente. Todos
poderão alegar inocência, falta de provas, “não sabia” etc.
Em momentos revolucionários, como é uma das hipóteses de mudanças
violentas, os tribunais se transformam em tribunais sumários, de exceção. É um
padrão severo e perigoso, mas inerente às revoluções de grande amplitude. Poderemos
ter revoluções reais, talvez sejam necessárias (Arendt, Sobre
a Revolução) .
De muitas maneiras é bom que todos que têm responsabilidades
públicas, sociais, democráticas entendam que os brasileiros mais conscientes e
nossa juventude disposta a lutar pelo Brasil mostrou a cara, sim, mostrou a
cara em junho de 2013.
Sejamos atuantes, politizados (no bom sentido) e conscientes
de nossas responsabilidades, e tenhamos fé, o Brasil vai mudar, mais cedo ou
tarde, subindo na escala da seriedade, honestidade e compromisso de criação de
um país saudável, justo, livre, fraterno.
Cascaes
11.3.2014
Arendt, H. (2007). As Origens do Totalitarismo.
(R. Raposo, Trad.) São Paulo: Companhia das Letras.
Arendt, H. (s.d.). Sobre a Revolução. (D.
Bottmann, Trad.) São Paulo: Companhia das Letras.
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Livros e Filmes
Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/
Econômico, B. (10 de 3 de 2014). Para Cardozo, é
preciso repensar a separação dos poderes. Fonte: Alagoas 24 horas:
http://www.alagoas24horas.com.br/conteudo/?vCod=191982
Honorato, R. (18 de 2 de 2014). Cinco anos após sua
criação, Marco Civil da Internet será votado nesta semana na Câmara dos
Deputados . Fonte: Vida Digital:
http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/cinco-anos-apos-sua-criacao-marco-civil-sera-votado-nesta-semana-na-camara
Marco Civil da Internet deve ser votado nesta terça;
veja o que muda. (11 de 3 de 2014).
Fonte: O Tempo:
http://www.otempo.com.br/capa/pol%C3%ADtica/marco-civil-da-internet-deve-ser-votado-nesta-ter%C3%A7a-veja-o-que-muda-1.805825
Nunes, C. (11 de 3 de 2014). Mídia: Internet
chegará ao 1º lugar. Fonte: Cláudio Nunes:
http://www.infonet.com.br/claudionunes/ler.asp?id=155702
Sandel, M. J. (2013). Justiça (12 ed.). (M. A.
Heloísa Mathias, Trad.) Civilização Brasileira.
[1] O termo civismo refere-se a atitudes e
comportamentos que no dia-a-dia manifestam os cidadãos na
defesa de certos valores e
práticas assumidas como os deveres fundamentais para a vida coletiva, visando a
preservar a sua harmonia e melhorar o bem-estar de todos. Mais especificamente,
o civismo consiste no respeito aos valores, às instituições e
as práticas especificamente políticas de
um país.
Dessa forma, o civismo é uma questão de cultura política e de filosofia política.
Além disso, os conceitos de cidadania e de republicanismo também estão associados de maneira positiva ao civismo. Entretanto, por vezes o civismo é tomado como sinônimo de nacionalismo, pressupondo um comportamento mais beligerante, a que se associa (ou a que se pode associar) a xenofobia. Wikipédia
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