Aferição e avaliação de sistemas de faturamento e a
manifestações populares
Algo inacreditavelmente ingênuo no Brasil é a provável
ausência de sistemática de auditoria e aferição de sistemas e componentes de
medição de faturamento.
Serviços essenciais cobram custos que os chefes de família,
empresário e até pessoas extremamente humildes pagam sem que saibam de serviços
de auditorias e verificações de precisão, confiabilidade e inviolabilidade em
sistemas (homem – máquina) que lastreiam faturas, tarifas e subsídios.
No Setor Elétrico essa é uma tradição que não encontramos
nos demais serviços. Com toda a experiência, mesmo assim, os consumidores foram
surpreendidos pela descoberta de que os responsáveis pelas tarifas de energia
erravam, levando a mudanças de gerência na ANEEL.
E na telefonia, lixo, água e esgoto, transporte coletivo,
sistemas de saúde etc.?
As manifestações que iniciaram com o MPL cobrando tarifas de
transporte coletivo urbano razoáveis começam a provocar o zeramento de impostos
e programas de subsídios.
E as planilhas e sistemas de catracas, processamento de dados,
computadores e tudo o mais que formam as tão queridas “bilhetagem automática” e
planilhas? As catracas automáticas e seus computadores, tão importantes que
foram cláusula especial no edital de licitação de outorga de concessões em
Curitiba, são seguras, confiáveis e precisas?
Aliás, Curitiba é um caso especial de atenção, ou melhor,
exige um trabalho técnico por profissionais habilitados e competentes e de
idoneidade reconhecida e garantida (seguradoras?).
Aqui as manifestações do MPL (MPL -
Movimento Passe Livre) e de entidades associadas têm anos de
existência, sem, entretanto, obterem ressonância adequada. Agora, graças à
mobilização nacional em muitas cidades o tema volta com muito mais força.
E as catracas?
As catracas são aferidas? Como? Quem? São invioláveis? Qual
é a precisão delas? E o resto do sistema, inclusive os funcionários que
manuseiam o sistema, é confiável, seguro, bem preparado e equipado?
A melhor forma de confiar é desconfiando. É burrice aceitar
créditos simplórios quando se mexe com tanto dinheiro.
Vamos insistir na luta pelo saneamento dos sistemas de
transporte coletivo urbano, só para começar.
A inoperância de agências reguladoras e até dos ministérios
públicos é algo assombroso. A omissão matou centenas de jovens em Santa Maria e
em São Paulo, em Congonhas, a TAM deu-nos uma tragédia impressionante.
Pior, entretanto, foi sentir o desamparo político em que
mergulhamos. Parece até algo contagioso, uma praga. A grande maioria dos
políticos eleitos para representar o povo muda de comportamento a partir do
momento dos rituais de posse. Aliás, nosso povo adora solenidades pomposas,
rituais de passagem, infelizmente essas passagens custam muito caro para os
brasileiros.
Maravilhosamente nossos jovens estão mobilizados. Agora até centrais
sindicais acomodadas acordaram, anunciando à Presidência que, para não serem
alvo de campanhas e movimentos populares, deverão fazer greves nacionais a
favor de pautas antigas.
Os governantes deverão tomar juízo, começando por não nomear
indivíduos suspeitos como vimos acontecer no Paraná (Richa nomeia pivô do caso da sogra fantasma como secretário, 2013) . Aqui a atitude de
prefeitos e do Governador parece ser a de que as manifestações não lhes afetam.
Estão pondo gasolina na fogueira...
Queremos viver num Brasil justo, sério e responsável.
Nossos políticos dão sinais de acordar em Brasília, e aqui?
Cascaes
26.6.2013
KARLOS KOHLBACH, E. L. (26 de 6 de 2013). Richa
nomeia pivô do caso da sogra fantasma como secretário. Fonte: Gazeta do
Povo:
http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1385441&tit=Richa-nomeia-pivo-do-caso-da-sogra-fantasma-como-secretario
MPL - Movimento Passe Livre. (s.d.). Fonte: Wikipédia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Passe_Livre
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