sexta-feira, 21 de junho de 2013

A ferida aberta

Factoides e irresponsabilidade
A ferida se abre espalhando pus; é feia, estava enorme; antes parecia apenas uma bola escura, mas quem conhece um pouco do que acontecia debaixo daquela pele sabia que precisava ser aberta para poder curar.
O povo brasileiro está abrindo uma ferida fétida, mais após o início do tratamento. O paciente demorou a procurar o médico, a fila no SUS é imensa, e agora uma junta médica, que tem pressa, abriu para ver no que dá.
Curar a coisa não é só abrir, será fundamental muita competência; demoraram demais e até usaram remédios importados, não acreditaram, essa grande família, em remédios consagrados e métodos clássicos, como a sabedoria popular, a experiência e a simples observação. O tratamento não será simples, podendo até agravar o que originou essa doença.
Todos sabem e agora explicam as causas, e a cura?
Não temos quem consiga convencer o paciente de que é possível curar se acontecer um tratamento sério, responsável, evolutivo. Quem fará? Existem hospitais? Remédios/ onde?
O povo brasileiro está mostrando em final de outono e início de inverno que a nação está com muitas feridas. As doenças são conhecidas: corrupção, factoides, irresponsabilidade, corporativismo alienado, impunidade etc. contaminaram gente demais.
É uma praga que a Humanidade sente em mais uma crise econômica mundial. A liberdade que criminosos e avarentos usaram e abusaram transformou a marola em tsunamis.
O passeio em berço esplêndido transforma-se em pesadelo.
É preciso coragem para enfrentar o tratamento. O tamanho das manifestações, pacíficas em termos, demonstra essa disposição. O povo está saturado por uma classe política que usa e abusa de rótulos antigos. O problema é que o conteúdo de suas cabeças não presta. Os rótulos mentem com nomes pomposos e inúteis, pior ainda, perigosos. As bulas não dizem nada ou são escritas de forma incompreensível.
Nossos gerentes apelam para qualquer coisa para pacificar os clientes. Logo estarão dando brindes para quem usar energia, ainda que isso signifique o esgotamento de reservas reduzidas. O transporte coletivo, início dessa revolta, continua sem a proposta de auditorias independentes, já ninguém quer esperar.
A história dos carteis é pública e notória, acreditar neles?
Os políticos mostram rostos sisudos, discursos “amigos”, todos elogiam os estudantes.
Aí estão acertando.
Que maravilha, uma nova geração de brasileiros aprendeu nas redes sociais o que seus pais ensinaram ao contrário. Mostram a cara, reagem, lutam.
Toda doença bem diagnosticada recria esperanças. Vemos as análises em cartazes. A pior delas: o projeto FIFA e sua execução jogaram “m” no ventilador. A arrogância desses vândalos importados humilhou os brasileiros. Aqui vieram para ditar padrões, leis e privilégios absurdos.
Entre muitas dores do tratamento vale a pena rejeitar compromissos com acordos ocultos e que aos poucos se revelam, protelando hospitais, escolas, estradas, etc. e obrigando governos a privatizarem de qualquer jeito serviços e instalações para fazer caixa e servir melhor os grupos econômicos estrangeiros e nacionais, os agiotas festejam...
Valeu, parecia que os brasileiros estavam mortos, frios e congelados.
Que o gigante acorde e tome juízo.

Cascaes
21.6.2013


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