A complexidade do ato de governar
Um país é equivalente a uma tremenda empresa com milhões de
funcionários e centenas de milhões de clientes. Multidisciplinar, é um pesadelo
se concentra poderes excessivos na União, não deixando por força constitucional
atribuições a suas diversas regiões.
O Brasil é isso, produto de genocídios (como qualquer
outro), guerras e caprichos tornou-se gigantesco com um agravante, temos um
padrão de governança confuso a partir do principal, a contribuição daqueles que
pagam impostos, serviços e produtos sob responsabilidade do Governo Federal.
Fomos criados acreditando em maná e “paizinho da Pátria”.
Não existem milagres e o bom governo no Brasil é quase
impossível, afinal temos um modelo que não é parlamentarista, presidencialista
nem coisa nenhuma, excelente para as velhas raposas nacionais.
Os grandes acidentes, ao contrário dos menores que matam e
aleijam diariamente no varejo, têm a virtude de mostrar os furos nessa calça
mal feita. O que descobrimos em Santa Maria é a revelação de um Brasil alienado
e com responsabilidades mal distribuídas, mal estruturadas e a ausência de bons
profissionais na área técnica, afinal aqui herói é participante do BBB, time de
futebol ou coisa parecida.
Desde muito tempo sabemos que a Educação é fundamental, mas
desprezada solenemente. Em 1964, por exemplo, entramos no Instituto
Eletrotécnico de Itajubá em meio a uma situação de não pagamento de salários
aos professores em todos os níveis (Minas Gerais) e de lá para cá evoluímos,
estamos longe, contudo, do padrão ideal de educação.
A ausência de profissionais de Engenharia, Arquitetura,
Urbanismo, Sociologia, Medicina, Educação etc. em quantidade e qualidade
suficiente produz um povo mal preparado para até exercer seus deveres de
cidadania, afinal o problema só será sentido quando atingir o nariz do
indivíduo cujo egoísmo é estimulado fortemente até em pacotes de filmes de mau
gosto apresentados em nossa programação televisiva.
A tragédia indescritível de Santa Maria tem um tremendo
perigo, os julgamentos apressados e oportunistas. É tão grave que merece uma
auditoria técnica e jurídica minuciosa, sem o risco de “falhas humanas”. Talvez
dali tenhamos uma postura diferente de governantes e empresários, assim como de
pais de família que possam liberar seus filhos para se divertirem nessas
arapucas.
Não há cidade brasileira que não tenha algo a mostrar de
forma berrante o desrespeito ao cidadão, detalhes que vão da sinalização de
obras a prédios gigantescos que mais cedo ou tarde poderão ser manchetes de
jornais.
Sim, temos a ABNT. Quem governa a Associação Brasileira de
Normas Técnicas? As “nossas” normas técnicas estão acessíveis a qualquer
cidadão sem custos, instantaneamente via algum portal? Não! Existem em
quantidade suficiente e necessária ao nosso povo ou muitas continuam sendo
motivo de reuniões intermináveis? Nossos governantes sabem que elas existem?
Por quê não as valorizam devidamente? Vale a pena ver (Ao entrar numa casa noturna, saiba como verificar se o local é seguro,
2013) .
Assim, de omissão à ignorância caminhamos para outras
tragédias, até quando?
O ato de governar também significa ter atenção para detalhes
técnicos além da politacagem que dia a dia nos dá mais repugnância.
Infelizmente não temos restrições constitucionais éticas,
morais e técnicas para a escolha de nossos representantes e do próprio Poder
Executivo.
Governar não é chorar, fazer discursos emocionados e abusar
da ignorância de povo sabendo que o mandato é curto e a memória dos cidadãos e
de nossas cidadãs menor ainda.
Cascaes
29.1.2013
Glauco Araújo, C. L. (29 de 1 de 2013). Ao entrar
numa casa noturna, saiba como verificar se o local é seguro. Fonte: G1:
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/01/ao-entrar-numa-casa-noturna-saiba-como-verificar-se-o-local-e-seguro.html
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