O bom planejamento de um anteprojeto, projeto executivo,
canteiro de obras, execução do projeto, especificação, eleição de soluções, monitoramento
de equipamentos e instalações antes, durante e depois das obras, comissionamento,
planejamento da manutenção, realização contínua de serviços de recuperação,
avaliação de riscos, formação de equipes, oficinas etc. requer competência
técnica que parece inexistir no Brasil. É até assustador saber que imensas
obras estão em execução, e a fiscalização? Auditorias técnicas? Equipes
operacionais? Que tipos de acidentes poderemos ter? O desmonte de grandes
empresas nacionais estatais e não estatais demoliu inclusive boas escolas. Para
sobreviverem muitas delas partiram para cursos oportunistas, deixando de formar
profissionais com base sólida, necessária e suficiente ao pretendemos ter e ser.
A capacidade de tração de um cabo, corrente, fio, barbante
etc. é função do seu ponto ou trecho mais fraco. Numa corrente, um segmento frágil
irá romper-se quando sua capacidade limite for atingida. Empresas quebram,
estruturas se desmancham e governos se desmoralizam quando uma de suas unidades
desaba ou demonstra incapacidades inaceitáveis.
Com certeza a principal vítima, no caso da administração
pública, é o povo, o eleitor, o contribuinte e dependentes de sistemas de
educação, saúde, segurança, transporte, energia, saneamento básico etc.
Perdemos sensibilidade na corrente da administração técnica,
principalmente (menos visível pelo cidadão comum) viabilizando todo tipo de
acerto de contas e parcerias. Pior ainda, vendo que tudo o que existe é feito e
refeito sob os nossos olhos sem que se questione a qualidade, a operação, a
vida útil, normas técnicas e assim por diante vale tudo.
Parece que o asfalto, por exemplo, dura apenas o intervalo
entre duas eleições.
A sensação é a de não existir no Brasil sensibilidade para a
qualidade da manutenção da infraestrutura existente, menos ainda para eventuais
padrões até registrados em editais, mas...
Talvez o crescimento excessivamente acelerado das capitais
de estado e do Distrito federal tenha desviado o foco de atenção dos eleitores
e eleitos para lançamentos de novos projetos (principalmente aqueles mais
bonitos, visíveis), desprezando os existentes. O político é por excelência uma
pessoa sensível aos desejos de seus eleitores e companheiros (de toda espécie)
e sabe mais do que ninguém que a pior situação é a do candidato derrotado. Se
para ganhar voto vale perfumaria, que se dê vasos de aromatizantes.
Filósofos e teóricos da política e do comportamento humano
não são otimistas e em seus livros encontraremos inúmeras manifestações negativas
sobre a inteligência e o comportamento humano. Cientistas sociais podem
explicar e a realidade demonstra que normalmente formamos uma cúpula política
que desancamos, mas que assim age principalmente porque seus apoiadores a
empurraram para o comportamento que vemos e teoricamente reprovamos.
Em nosso Brasil legiferante descobrimos uma enxurrada de
sugestões de leis, quando, talvez, a simplicidade e racionalização das
existentes fosse a mais eficaz e urgente providência. Afinal, é difícil até
cumprir os apenas “Dez mandamentos”... Um bom exemplo de controle é a atuação
da Polícia Federal (Ministério da Justiça) colhendo informações que demonstrem
atos dolosos e formulando denúncias inequívocas da má fé de criminosos que
merecem a atenção desta corporação após denúncias e solicitações de inquérito.
Se a questão “honestidade” ganha força, principalmente em
consequência da liberdade de imprensa, o bom governo está longe de existir no
Brasil, fundamentalmente por omissão em responsabilidades básicas como manter
serviços e programas existentes.
Dentro de nossa especialização (Engenharia) vemos e
registramos situações absurdas.
O desrespeito pela gerência técnica e própria a engenheiros
e arquitetos é um espanto, plagiando Jô Soares.
Nesta área vimos e ouvimos palestras desesperadas de
especialistas mostrando e demonstrando o abandono da Engenharia no Brasil [ (Ponderações
Engenheirais) ,
(Engenharia - Economia - Educação e Brasil) , (A formação do Engenheiro e ser Engenheiro) ]. A adoção ingênua
dos critérios ditados pelo (Consenso de Washington) , a insensibilidade
em relação à importância da boa gerência técnica, burocracia e “leis modernas”
mais a corrupção deram ao Brasil um custo absurdo que agora depende de benesses
fiscais para competir com o resto do mundo na eterna guerra comercial, que
ficou mascarada pelo sucesso da agroindústria no Brasil e na proteção incrível
a montadoras de veículos automotivos, dando-nos, assim, uma sensação de sucesso
que começa a mostrar um custo elevado (Uma crítica oportuna e decisões de governo que
preocupam - prioridades?) nesses tempos de mensalões, marolas e
cachoeiras.
O comportamento político de qualquer povo só tem uma solução
definitiva, estruturar um bom sistema de educação cívica. Para isso, contudo,
devemos ter professores bem preparados, com salários atraentes para a profissão
que adotaram e permanentemente apoiados para o bom exercício da nobre missão
escolhida, acima de tudo aqueles dedicados ao ensino fundamental e ao básico. O
universitário deveria ser revisto radicalmente para se ajustar às demandas
existentes e ter acessibilidade real a todos, destacando-se aí o potencial
fantástico do EAD (Ensino e literatura século 21) .
No gerenciamento técnico de cidades, estados e da União de
alguma forma deveriam se descolar do ambiente político, onde o fundamental
seria a organização institucional e a definição de rumos e prioridades.
O ato de governar é um desafio complexo e deveria valorizar
boas equipes, ou melhor, formá-las e aprimorá-las e não simplesmente
desperdiçá-las em análises contábeis. Qualquer empresa, repartição pública,
estatal etc. precisa de base e cultura técnica para sobreviver e evoluir com
bons padrões técnicos e culturais, corporativos.
O desastre da humanidade nesses tempos neoliberais tem sido
pensar exclusivamente em lucros e acionistas, demagogia e oportunismo
eleitoreiro, irresponsabilidade técnica, afinal.
Precisamos, portanto, de estabilidade técnica para a existência
de bons padrões de Engenharia, tema que podemos discorrer longamente após
algumas décadas de experiência e base até familiar para entender o que vemos
nas escolas, por exemplo. É impressionante o que descobrimos [ (PROJETO LIBERDADE
EM AÇÃO – VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA) , (Mirante da Educação) ] e a partir daí até
entender a dificuldade de colocar na cabeça dos adultos recentes o que
significa acessibilidade, segurança, civilidade.
Quando percebemos que em colégios novos “esqueceram” de
completar as obras, que crianças são colocadas em prédios improvisados, que
falta segurança e manutenção adequada em locais onde alunos e professores
passam o tempo dedicado à formação e à educação de nossa juventude em escolas
públicas entendemos o caos social em que nos encontramos.
Cascaes
23.5.2012
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Ensino e literatura
século 21: http://ensino-e-literatura.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Mirante da Educação:
http://mirante-da-educacao.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Ponderações Engenheirais:
http://pensando-na-engenharia.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Engenharia - Economia -
Educação e Brasil: http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: A formação do Engenheiro
e ser Engenheiro: http://aprender-e-ser-engenheiro.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). PROJETO LIBERDADE EM AÇÃO –
VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA. Fonte: PROJETO LIBERDADE EM
AÇÃO – VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA: http://projetoliberdadeemcolombo.blogspot.com.br/
Leitão, M. (s.d.). Uma crítica oportuna e decisões
de governo que preocupam - prioridades? Fonte: Mirante da Sustentabilidade
e Meio Ambiente:
http://mirantedefesacivil.blogspot.com.br/2012/05/uma-critica-oportuna-e-decisoes-de.html
Wikipédia. (s.d.). Fonte: Consenso de Washington:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Consenso_de_Washington
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