sábado, 2 de junho de 2012

Elos perdidos e a administração pública



O bom planejamento de um anteprojeto, projeto executivo, canteiro de obras, execução do projeto, especificação, eleição de soluções, monitoramento de equipamentos e instalações antes, durante e depois das obras, comissionamento, planejamento da manutenção, realização contínua de serviços de recuperação, avaliação de riscos, formação de equipes, oficinas etc. requer competência técnica que parece inexistir no Brasil. É até assustador saber que imensas obras estão em execução, e a fiscalização? Auditorias técnicas? Equipes operacionais? Que tipos de acidentes poderemos ter? O desmonte de grandes empresas nacionais estatais e não estatais demoliu inclusive boas escolas. Para sobreviverem muitas delas partiram para cursos oportunistas, deixando de formar profissionais com base sólida, necessária e suficiente ao pretendemos ter e ser.
A capacidade de tração de um cabo, corrente, fio, barbante etc. é função do seu ponto ou trecho mais fraco. Numa corrente, um segmento frágil irá romper-se quando sua capacidade limite for atingida. Empresas quebram, estruturas se desmancham e governos se desmoralizam quando uma de suas unidades desaba ou demonstra incapacidades inaceitáveis.
Com certeza a principal vítima, no caso da administração pública, é o povo, o eleitor, o contribuinte e dependentes de sistemas de educação, saúde, segurança, transporte, energia, saneamento básico etc.
Perdemos sensibilidade na corrente da administração técnica, principalmente (menos visível pelo cidadão comum) viabilizando todo tipo de acerto de contas e parcerias. Pior ainda, vendo que tudo o que existe é feito e refeito sob os nossos olhos sem que se questione a qualidade, a operação, a vida útil, normas técnicas e assim por diante vale tudo.
Parece que o asfalto, por exemplo, dura apenas o intervalo entre duas eleições.
A sensação é a de não existir no Brasil sensibilidade para a qualidade da manutenção da infraestrutura existente, menos ainda para eventuais padrões até registrados em editais, mas...
Talvez o crescimento excessivamente acelerado das capitais de estado e do Distrito federal tenha desviado o foco de atenção dos eleitores e eleitos para lançamentos de novos projetos (principalmente aqueles mais bonitos, visíveis), desprezando os existentes. O político é por excelência uma pessoa sensível aos desejos de seus eleitores e companheiros (de toda espécie) e sabe mais do que ninguém que a pior situação é a do candidato derrotado. Se para ganhar voto vale perfumaria, que se dê vasos de aromatizantes.
Filósofos e teóricos da política e do comportamento humano não são otimistas e em seus livros encontraremos inúmeras manifestações negativas sobre a inteligência e o comportamento humano. Cientistas sociais podem explicar e a realidade demonstra que normalmente formamos uma cúpula política que desancamos, mas que assim age principalmente porque seus apoiadores a empurraram para o comportamento que vemos e teoricamente reprovamos.
Em nosso Brasil legiferante descobrimos uma enxurrada de sugestões de leis, quando, talvez, a simplicidade e racionalização das existentes fosse a mais eficaz e urgente providência. Afinal, é difícil até cumprir os apenas “Dez mandamentos”... Um bom exemplo de controle é a atuação da Polícia Federal (Ministério da Justiça) colhendo informações que demonstrem atos dolosos e formulando denúncias inequívocas da má fé de criminosos que merecem a atenção desta corporação após denúncias e solicitações de inquérito.
Se a questão “honestidade” ganha força, principalmente em consequência da liberdade de imprensa, o bom governo está longe de existir no Brasil, fundamentalmente por omissão em responsabilidades básicas como manter serviços e programas existentes.
Dentro de nossa especialização (Engenharia) vemos e registramos situações absurdas.
O desrespeito pela gerência técnica e própria a engenheiros e arquitetos é um espanto, plagiando Jô Soares.
Nesta área vimos e ouvimos palestras desesperadas de especialistas mostrando e demonstrando o abandono da Engenharia no Brasil [ (Ponderações Engenheirais), (Engenharia - Economia - Educação e Brasil), (A formação do Engenheiro e ser Engenheiro)]. A adoção ingênua dos critérios ditados pelo (Consenso de Washington), a insensibilidade em relação à importância da boa gerência técnica, burocracia e “leis modernas” mais a corrupção deram ao Brasil um custo absurdo que agora depende de benesses fiscais para competir com o resto do mundo na eterna guerra comercial, que ficou mascarada pelo sucesso da agroindústria no Brasil e na proteção incrível a montadoras de veículos automotivos, dando-nos, assim, uma sensação de sucesso que começa a mostrar um custo elevado (Uma crítica oportuna e decisões de governo que preocupam - prioridades?) nesses tempos de mensalões, marolas e cachoeiras.
O comportamento político de qualquer povo só tem uma solução definitiva, estruturar um bom sistema de educação cívica. Para isso, contudo, devemos ter professores bem preparados, com salários atraentes para a profissão que adotaram e permanentemente apoiados para o bom exercício da nobre missão escolhida, acima de tudo aqueles dedicados ao ensino fundamental e ao básico. O universitário deveria ser revisto radicalmente para se ajustar às demandas existentes e ter acessibilidade real a todos, destacando-se aí o potencial fantástico do EAD (Ensino e literatura século 21).
No gerenciamento técnico de cidades, estados e da União de alguma forma deveriam se descolar do ambiente político, onde o fundamental seria a organização institucional e a definição de rumos e prioridades.
O ato de governar é um desafio complexo e deveria valorizar boas equipes, ou melhor, formá-las e aprimorá-las e não simplesmente desperdiçá-las em análises contábeis. Qualquer empresa, repartição pública, estatal etc. precisa de base e cultura técnica para sobreviver e evoluir com bons padrões técnicos e culturais, corporativos.
O desastre da humanidade nesses tempos neoliberais tem sido pensar exclusivamente em lucros e acionistas, demagogia e oportunismo eleitoreiro, irresponsabilidade técnica, afinal.
Precisamos, portanto, de estabilidade técnica para a existência de bons padrões de Engenharia, tema que podemos discorrer longamente após algumas décadas de experiência e base até familiar para entender o que vemos nas escolas, por exemplo. É impressionante o que descobrimos [ (PROJETO LIBERDADE EM AÇÃO – VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA), (Mirante da Educação)] e a partir daí até entender a dificuldade de colocar na cabeça dos adultos recentes o que significa acessibilidade, segurança, civilidade.
Quando percebemos que em colégios novos “esqueceram” de completar as obras, que crianças são colocadas em prédios improvisados, que falta segurança e manutenção adequada em locais onde alunos e professores passam o tempo dedicado à formação e à educação de nossa juventude em escolas públicas entendemos o caos social em que nos encontramos.
Cascaes
23.5.2012

Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Ensino e literatura século 21: http://ensino-e-literatura.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Mirante da Educação: http://mirante-da-educacao.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Ponderações Engenheirais: http://pensando-na-engenharia.blogspot.com/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Engenharia - Economia - Educação e Brasil: http://economia-engenharia-e-brasil.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: A formação do Engenheiro e ser Engenheiro: http://aprender-e-ser-engenheiro.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). PROJETO LIBERDADE EM AÇÃO – VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA. Fonte: PROJETO LIBERDADE EM AÇÃO – VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA: http://projetoliberdadeemcolombo.blogspot.com.br/
Leitão, M. (s.d.). Uma crítica oportuna e decisões de governo que preocupam - prioridades? Fonte: Mirante da Sustentabilidade e Meio Ambiente: http://mirantedefesacivil.blogspot.com.br/2012/05/uma-critica-oportuna-e-decisoes-de.html
Wikipédia. (s.d.). Fonte: Consenso de Washington: http://pt.wikipedia.org/wiki/Consenso_de_Washington


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