Tod ser humano ser humano desenvolve ao longo da
vida critérios pessoais e escolhe paradigmas de comportamento que em seu
conjunto formam um padrão ético singular, único, sempre lembrando que não
existem duas pessoas iguais após alguns anos de vida. Tudo o que acontece é
base de ajustes e até de mudanças radicais.
É pura fantasia acreditar em clones
morais, intelectuais. Felizmente a diversidade é a base de nossa existência. É,
pois, extremamente importante compreender e aceitar a diversidade de
comportamentos e crenças. A sobrevivência da Humanidade passa pela pacificação
de povos. Note-se que sempre existirão indivíduos radicais, anarquistas,
rebeldes, fanáticos por qualquer coisa... Saber o que fazer quando nos agridem
é a chave da harmonia social.
Estamos acompanhando (mais uma vez) um
período de radicalização de ideologias e crenças metafísicas (Metafísica
s.d.)
produzindo códigos morais secretos, discretos e públicos que levam inúmeros
jovens a atitudes extremas. Com imenso pesar sentimos que as pessoas mais
velhas se protegem, mas estimulam e aplaudem comportamentos que estão de acordo
com suas convicções e conveniências (principalmente).
Tivemos no século 20 cenários que foram
de um extremo a outro, uma prateleira de experiências dramáticas. Citamos o
último século porque dele temos montanhas de registros analisáveis. Em algum
momento desses tempos ganhamos até a impressão de que a Humanidade evoluía
muito, principalmente em torno da serenidade e tolerância, inclusive em relação
àqueles que se mostravam extremistas.
Agora, que frustração, os noticiários
criam diariamente para quem, já idoso, lembra-se das fantasias e sonhos de
muitas décadas passadas.
Naturalmente nações inteiras são
obrigadas a se defenderem de grupos de pessoas que decidem destruir tudo o que
contraria suas crenças; o que é fundamental, contudo, é não radicalizar, pior
ainda, instigar e motivar violências genéricas. Para quê? Para provar utopias
induzindo qualificações que colocam muito mais gente com o carimbo de
terroristas e coisas semelhantes?
Imaginamos que vivemos com democracia,
por exemplo, desprezando o poder de grupos organizados que mandam e desmandam
em nossas vidas, alguém duvida? Ou seja, nossas ilusões criam miragens... ainda
que melhores do que nos tempos em que a regra era a mais abjeta bajulação e submissão
a Côrtes, exércitos, clérigos, videntes, bruxos, profetas, etc.
Agora temos novos imperadores (Eco 2015) , entre eles os donos
das empresas de comunicação.
A Mídia formal custa caro e precisa de
patrocinadores.
O marketing virou profissão explícita e
seus profissionais com frequência desprezam o que podem criar contra o povo
objeto de suas mensagens. Fazem e desfazem mitos. No Brasil o Mensalão (Personagens
do 'mensalão': Duda Mendonça, o marqueteiro s.d.) e a Lava Jato (Monica Moura
e João Santana deixam a prisão em Curitiba 2016) demonstram esse
poder, assim como a origem dos recursos que consomem.
Tudo isso exige um processo educativo
mais eficaz para a neutralização do que é nocivo às crianças, por exemplo. A
propaganda de propostas violentas, contudo, é o maior pesadelo nessa fase da
História da Humanidade pois agora ela pode ser instantânea, universal.
Em relação a povos dominados por
fanáticos precisamos de inteligência e competência para não alimentarmos
crenças violentas e a indústria e comércio da guerra, os interesses
petroleiros, a exportação e importação de ódios e sofrimentos, enfim, a cultura
da violência, que tanto dinheiro dá a certos cineastas e artistas, além de,
evidentemente, fama para políticos e medalhas para os mortos, estátuas para os
seus chefes, tema de pesquisas sem fim. É bom não esquecer que conveniências
dinásticas e tribais, e a partir do século 19 o nacionalismo radical, a xenofobia,
o racismo e as ideologias políticas sempre usaram as religiões ou inventaram
seitas e lógicas mórbidas. Vale a pena conhecer em detalhes a letra dos hinos
nacionais (Hinos de Países s.d.) de países que se
dizem modelo de civilização.
Criamos códigos de ética formais e nas
empresas, famílias, escolas, filmes, livros etc. poderemos estudar e decorar
autênticos catecismos, mas a dúvida também precisa ser estimulada. A vacina
contra o radicalismo é compreender que simplesmente somos insignificantes e
incapazes de fazer afirmações éticas, morais e até as relativas às leis da
Natureza.
A dúvida abre o coração e estimula o
amor ao próximo, pois com muito mais facilidade conversaremos, teremos amigos e
amigas. Humildade, disposição para o diálogo e determinação para aprender e
educar para a liberdade deveriam ser nossa missão em relação a todos que se
dispõem a ler e ouvir nossas visões éticas e culturais (atenção, estamos
colocando nossas convicções...).
Pesquisar, ouvir e ver com certa
malícia reportagens e notícias dão maturidade. É ingenuidade acreditar sem
questionar e imaginar o que realmente move lideranças que em atos solenes, por
exemplo, dizem que devemos salvar o mundo, a Pátria, o povo. Principalmente em
manifestações de lideranças que dependem de aceitação pública é fácil perceber
o radicalismo até de indivíduos que se dizem a favor da liberdade, fraternidade
e igualdade. Políticos sabem que vencer campeonatos ou guerras redimem a
popularidade perdida pela incompetência. Lideranças civis e militares em geral
não são diferentes, a “lavagem cerebral” e apelos a sentimentos que Freud e
Jung e os bons mestres em Sociologia explicaram tão bem é rotina.
E nós?
Precisamos viver com muito cuidado,
escolhendo caminhos e referências de valor. Nesses tempos de redes sociais,
portais, internet, sistemas de comunicação instantânea e mais e mais excelentes
e péssimos escritores, sociólogos, filósofos, cineastas, psicólogos e
especialistas em tudo que pudermos imaginar, aprender e desenvolver um
sentimento crítico e saudável é infinitamente mais fácil onde a liberdade
existe, se compararmos o século 21 a cenários de algumas décadas passadas.
Podemos e devemos construir nossos
códigos de ética sim, sem ingenuamente aceitar passivamente padrões e modelos estereotipados.
Assim, não esquecendo contribuições universais
temos esperança, enquanto a liberdade de expressão existir, principalmente sem
custos maiores que algumas clicadas, de superarmos crises de agressividade
pessoal, social, política e vivermos num mundo melhor em algum tempo no futuro.
João Carlos Cascaes
Curitiba, 1 de agosto de 2016
Bonis, Gabriel. Personagens
do 'mensalão': Duda Mendonça, o marqueteiro. s.d.
http://www.cartacapital.com.br/politica/personagens-do-mensalao-duda-mendonca-o-marqueteiro
(acesso em 1 de 8 de 2016).
Eco, Humberto. Número
Zero. Record, 2015.
Hinos de Países. s.d.
https://www.letras.mus.br/hinos-de-paises/ (acesso em 1 de 8 de 2016).
Metafísica. s.d.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsica (acesso em 1 de 8 de 2016).
Monica Moura e João
Santana deixam a prisão em Curitiba. 2016 de 1 de 2016.
http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/08/monica-moura-e-joao-santana-deixam-prisao-em-curitiba.html.
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