Presidencialismo duplo?
O Brasil é especialista em coisas heterodoxas, entre alas a
organização do poder político.
Sem esquecer que a demagogia ilimitada é avalizada até por
autoridades que deveriam inibi-la, podemos ver, sentir, sofrer, ser vítimas do
jogo de poderes que acontece em Brasília de forma explícita e sem qualquer
pudor, exceto o medo que felizmente ainda têm do Poder Judiciário.
O povo, distante da capital republicana (geograficamente,
economicamente, por ignorância, leniência ou coisas piores) não imagina,
talvez, as possíveis consequências desse período dantesco de nossa história.
A lama que polui a democracia pode ser simbolizada pelo
rompimento recente das barragens com rejeitos minerais em Minas Gerais, algo
que merece inquéritos meticulosos e não simplesmente relatórios das empresas e
repartições públicas envolvidas, como notamos em outras ocasiões...
De modo geral nesse planeta multicolorido temos um cardápio
de organização institucional à disposição de eventuais promotores de novas
constituições. O que notamos, avaliando o desastre da aplicação de padrões
importados, por mais bem-intencionados que sejam, é que os cidadãos locais precisam
escolher e viver como são capazes de entender.
A liberdade, contudo, é essencial à evolução mais do que
necessária e urgente diante dos desafios do século 21.
No Brasil, contudo, a tão desejada democracia parece que se
transformou em ditaduras camufladas que lutam pelo poder a qualquer custo. O modelo
espraiou-se e assim as corporações e até grupos religiosos olham nossa gente
simplesmente como objeto de uso e consumo.
O conflito entre lideranças no Congresso Nacional (real ou
ilusório) coloca em risco a integridade e a saúde, postos de trabalho, a educação,
a segurança, a sobrevivência da pessoa idosa e, para não relacionar tudo sob o
risco de esquecer algo, a democracia, a liberdade que tanto amamos.
É inacreditável ver pautas bombas (que não deveriam assustar
ninguém e se existem é porque esse pessoal sabe demais) e o país esperando
correções que se tornaram urgentes, além de estar mergulhando em mais uma
década perdida, poucos anos, que seja.
O Brasil é o quê?
Nosso modelo institucional pode ser qualificado de que
maneira?
O múltiplo presidencialismo abarrotado de proteções e
privilégios é um câncer que se transformou em metástases. Estados e municípios
são modelos reduzidos.
Nosso povo cata lixo, aceita o subemprego, baixa o padrão de
vida e não reage adequadamente.
Felizmente uma nova geração de juízes, promotores,
policiais, auditores parece destoar do padrão servil e alienado que imperou em
nossa terra varonil durante séculos.
Não podemos perder a esperança de viver num Brasil melhor. O
futuro de nossos descendentes não pode ser a emigração, o futebol, a esperança
de viver em outro local.
O Brasil é grande demais para os líderes atuais. Todos podem
errar e se corrigir, contudo. Essa é uma esperança, talvez a última. Se nada
der certo o jeito é abrir mais escolas de línguas estrangeiras e encaminhar os
filhos a profissões que os gringos precisem.
Cascaes
10.11.2015
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