terça-feira, 10 de novembro de 2015

Presidencialismo doentio

Presidencialismo duplo?

O Brasil é especialista em coisas heterodoxas, entre alas a organização do poder político.
Sem esquecer que a demagogia ilimitada é avalizada até por autoridades que deveriam inibi-la, podemos ver, sentir, sofrer, ser vítimas do jogo de poderes que acontece em Brasília de forma explícita e sem qualquer pudor, exceto o medo que felizmente ainda têm do Poder Judiciário.
O povo, distante da capital republicana (geograficamente, economicamente, por ignorância, leniência ou coisas piores) não imagina, talvez, as possíveis consequências desse período dantesco de nossa história.
A lama que polui a democracia pode ser simbolizada pelo rompimento recente das barragens com rejeitos minerais em Minas Gerais, algo que merece inquéritos meticulosos e não simplesmente relatórios das empresas e repartições públicas envolvidas, como notamos em outras ocasiões...
De modo geral nesse planeta multicolorido temos um cardápio de organização institucional à disposição de eventuais promotores de novas constituições. O que notamos, avaliando o desastre da aplicação de padrões importados, por mais bem-intencionados que sejam, é que os cidadãos locais precisam escolher e viver como são capazes de entender.
A liberdade, contudo, é essencial à evolução mais do que necessária e urgente diante dos desafios do século 21.
No Brasil, contudo, a tão desejada democracia parece que se transformou em ditaduras camufladas que lutam pelo poder a qualquer custo. O modelo espraiou-se e assim as corporações e até grupos religiosos olham nossa gente simplesmente como objeto de uso e consumo.
O conflito entre lideranças no Congresso Nacional (real ou ilusório) coloca em risco a integridade e a saúde, postos de trabalho, a educação, a segurança, a sobrevivência da pessoa idosa e, para não relacionar tudo sob o risco de esquecer algo, a democracia, a liberdade que tanto amamos.
É inacreditável ver pautas bombas (que não deveriam assustar ninguém e se existem é porque esse pessoal sabe demais) e o país esperando correções que se tornaram urgentes, além de estar mergulhando em mais uma década perdida, poucos anos, que seja.
O Brasil é o quê?
Nosso modelo institucional pode ser qualificado de que maneira?
O múltiplo presidencialismo abarrotado de proteções e privilégios é um câncer que se transformou em metástases. Estados e municípios são modelos reduzidos.
Nosso povo cata lixo, aceita o subemprego, baixa o padrão de vida e não reage adequadamente.
Felizmente uma nova geração de juízes, promotores, policiais, auditores parece destoar do padrão servil e alienado que imperou em nossa terra varonil durante séculos.
Não podemos perder a esperança de viver num Brasil melhor. O futuro de nossos descendentes não pode ser a emigração, o futebol, a esperança de viver em outro local.
O Brasil é grande demais para os líderes atuais. Todos podem errar e se corrigir, contudo. Essa é uma esperança, talvez a última. Se nada der certo o jeito é abrir mais escolas de línguas estrangeiras e encaminhar os filhos a profissões que os gringos precisem.
Cascaes
10.11.2015


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