Medição da corrupção
Nada mais ridículo do que ver comparações sobre um pesadelo
brasileiro: a corrupção. Qual foi o pior?
Nossa história apresenta uma sucessão de atos privilegiados
ou de corrupção explícita, a maioria debitada aos entendidos como de esperteza
de grandes grupos econômicos que articularam fazedores de leis e executivos,
normas, contratos etc. de modo a saírem vencedores.
Temos períodos, contudo, que assustaram.
Nunca se fez uma auditoria severa das privatizações
realizadas após o último governo militar e até durante presidentes fortes
tivemos dúvidas colossais, como a evolução dos custos de grandes projetos de
energia na década de setenta do século passado (isso sem falar na necessidade
de tantas grandes usinas). Em 1977, em missão técnica na Alemanha, um diretor
da Siemens disse para nós em alto e bom som que nos recebia por cortesia, mas o
Brasil já estava “quebrado”, por quê? Com certeza avaliou mal as crises do
petróleo, mas também partiu para projetos mal conduzidos e talvez desnecessários.
Era proibido criticar...
Collor teve seu mandato cassado [ (1) ,
(2) ] mostrando que se
deve respeitar o povo brasileiro. Não tivemos mais revoluções sangrentas, mas
episódios que assustaram os políticos, como tudo o que aconteceu em junho de
2013.
Antes, em 1960, Jânio Quadros (3) se elegeu usando
como símbolo a vassourinha, numa eleição que alertava os detentores do Poder
sobre a importância da honestidade. Sua renúncia, contudo, demonstrou que
precisamos de competência gerencial, saúde mental e aceitação das regras
democráticas. O resultado da renúncia do vigésimo segundo presidente do Brasil
foi um período de anarquia que desaguou no movimento de 1964.
O Brasil cresceu muito e a inflação de nossa moeda e de
referências estrangeiras dificultam comparações, com tudo isso, quem “roubou”
mais?
Felizmente vivemos num país que agora oferece liberdade de
crítica e vigilância. Assim podemos questionar desde contratos municipais até
os federais. Precisamos, contudo, da evolução dos sistemas formais (que não existiam)
de vigilância e do afastamento das campanhas políticas de qualquer espécie de
patrocinador que não seja o próprio povo (4) . Qualquer doação se
transforma em esperança de privilégios...
Nossa grande e maravilhosa surpresa é a atuação da Polícia
Federal. Ela faz seu papel com imensa coragem e galhardia.
E o Poder judiciário? Os poderes legislativos?
Precisamos de reformas urgentes, mudanças constitucionais e
organizacionais.
Só o Brasil?
Não, mas as nações mais evoluídas trabalham para aprimorar
seus ambientes de modo a se imunizarem contra a corrupção. Precisamos de
investimentos gigantescos para as reformas necessárias e talvez insuficientes
para enfrentarmos os desafios do século 21. Qualquer desperdício é crime contra
a Humanidade.
Aqui vemos com tristeza o transporte de produtos de baixo
valor em longas estradas, sem a opção do transporte ferroviário de boa
qualidade e ainda carente de portos até para a navegação costeira e fluvial.
Nossas cidades são ambientes de utilização intensiva de automóveis, nelas
faltando tudo que viabilize a vida sem esses monstrinhos.
Saúde, Educação, creches, asilos, Segurança, Saneamento
Básico, Água de boa qualidade e até energia estão faltando e o governo se
aplica em projetos midiáticos, como o foi a Copa do Mundo; prioridades?
Corrupção direta e indireta, em todos os sentidos da
palavra, é um pesadelo nacional, mas provavelmente já foi pior. As castas que
nos dominaram foram incapazes de construir um país inteligente. Com lideranças
melhores o Brasil seria agora outro país, muito melhor e saudável.
Cascaes
15.11.2014
1. Há 20 anos, Fernando Collor de Mello foi o primeiro
presidente do Brasil a sofrer processo de impeachment. Agência Brasil. [Online]
29 de 9 de 2012. http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2012-09-29/ha-20-anos-fernando-collor-de-mello-foi-primeiro-presidente-do-brasil-sofrer-processo-de-impeachment.
2. Junio, Antonio
Gasparetto. Fora Collor. InfoEscola. [Online] http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/fora-collor/.
3. Jânio Quadros. Wikipédia.
[Online] http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%A2nio_Quadros.
4. Azenha, Luiz
Carlos. Com prisões nas empreiteiras, ganha força o financiamento público. VIOMUNDO.
[Online] 14 de 11 de 2014.
http://www.viomundo.com.br/politica/com-prisao-dos-baroes-das-empreiteiras-ganha-forca-o-financiamento-publico-de-campanhas.html.
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