sábado, 15 de novembro de 2014

Comparando governantes e a corrupção

Medição da corrupção

Nada mais ridículo do que ver comparações sobre um pesadelo brasileiro: a corrupção. Qual foi o pior?
Nossa história apresenta uma sucessão de atos privilegiados ou de corrupção explícita, a maioria debitada aos entendidos como de esperteza de grandes grupos econômicos que articularam fazedores de leis e executivos, normas, contratos etc. de modo a saírem vencedores.
Temos períodos, contudo, que assustaram.
Nunca se fez uma auditoria severa das privatizações realizadas após o último governo militar e até durante presidentes fortes tivemos dúvidas colossais, como a evolução dos custos de grandes projetos de energia na década de setenta do século passado (isso sem falar na necessidade de tantas grandes usinas). Em 1977, em missão técnica na Alemanha, um diretor da Siemens disse para nós em alto e bom som que nos recebia por cortesia, mas o Brasil já estava “quebrado”, por quê? Com certeza avaliou mal as crises do petróleo, mas também partiu para projetos mal conduzidos e talvez desnecessários. Era proibido criticar...
Collor teve seu mandato cassado [ (1), (2)] mostrando que se deve respeitar o povo brasileiro. Não tivemos mais revoluções sangrentas, mas episódios que assustaram os políticos, como tudo o que aconteceu em junho de 2013.
Antes, em 1960, Jânio Quadros (3) se elegeu usando como símbolo a vassourinha, numa eleição que alertava os detentores do Poder sobre a importância da honestidade. Sua renúncia, contudo, demonstrou que precisamos de competência gerencial, saúde mental e aceitação das regras democráticas. O resultado da renúncia do vigésimo segundo presidente do Brasil foi um período de anarquia que desaguou no movimento de 1964.
O Brasil cresceu muito e a inflação de nossa moeda e de referências estrangeiras dificultam comparações, com tudo isso, quem “roubou” mais?
Felizmente vivemos num país que agora oferece liberdade de crítica e vigilância. Assim podemos questionar desde contratos municipais até os federais. Precisamos, contudo, da evolução dos sistemas formais (que não existiam) de vigilância e do afastamento das campanhas políticas de qualquer espécie de patrocinador que não seja o próprio povo (4). Qualquer doação se transforma em esperança de privilégios...
Nossa grande e maravilhosa surpresa é a atuação da Polícia Federal. Ela faz seu papel com imensa coragem e galhardia.
E o Poder judiciário? Os poderes legislativos?
Precisamos de reformas urgentes, mudanças constitucionais e organizacionais.
Só o Brasil?
Não, mas as nações mais evoluídas trabalham para aprimorar seus ambientes de modo a se imunizarem contra a corrupção. Precisamos de investimentos gigantescos para as reformas necessárias e talvez insuficientes para enfrentarmos os desafios do século 21. Qualquer desperdício é crime contra a Humanidade.
Aqui vemos com tristeza o transporte de produtos de baixo valor em longas estradas, sem a opção do transporte ferroviário de boa qualidade e ainda carente de portos até para a navegação costeira e fluvial. Nossas cidades são ambientes de utilização intensiva de automóveis, nelas faltando tudo que viabilize a vida sem esses monstrinhos.
Saúde, Educação, creches, asilos, Segurança, Saneamento Básico, Água de boa qualidade e até energia estão faltando e o governo se aplica em projetos midiáticos, como o foi a Copa do Mundo; prioridades?
Corrupção direta e indireta, em todos os sentidos da palavra, é um pesadelo nacional, mas provavelmente já foi pior. As castas que nos dominaram foram incapazes de construir um país inteligente. Com lideranças melhores o Brasil seria agora outro país, muito melhor e saudável.

Cascaes
15.11.2014

1. Há 20 anos, Fernando Collor de Mello foi o primeiro presidente do Brasil a sofrer processo de impeachment. Agência Brasil. [Online] 29 de 9 de 2012. http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2012-09-29/ha-20-anos-fernando-collor-de-mello-foi-primeiro-presidente-do-brasil-sofrer-processo-de-impeachment.
2. Junio, Antonio Gasparetto. Fora Collor. InfoEscola. [Online] http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/fora-collor/.
3. Jânio Quadros. Wikipédia. [Online] http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%A2nio_Quadros.
4. Azenha, Luiz Carlos. Com prisões nas empreiteiras, ganha força o financiamento público. VIOMUNDO. [Online] 14 de 11 de 2014. http://www.viomundo.com.br/politica/com-prisao-dos-baroes-das-empreiteiras-ganha-forca-o-financiamento-publico-de-campanhas.html.



Nenhum comentário: