Política Marrom
A campanha eleitoral mostra muito
do que denominamos de “imprensa marrom”[1].
Infelizmente essa postura talvez seja válida, o que seria extremamente
lamentável, pois se é verdade metade do que alguns candidatos dizem o Poder
Judiciário, os órgãos de fiscalização e policiais falharam muito, isso sem
mencionar os batalhões corporativos dentro de tudo o que aconteceu..
Na luta pela Presidência vemos
algo mais, o debate de alguns princípios norteadores e programas; ótimo!
Precisamos fugir de projetos e estruturas irresponsáveis e mal gerenciados, o
que é demonstrável pela realidade cotidiana.
Foge aos interesses eleitorais e demanda
conhecimentos específicos a qualidade técnica do Governo em todos os níveis. O
que acontece com nossas metrópoles e megalópoles, ou melhor, a situação de
nosso povo mergulhado em desfiladeiros de gigantes de concreto mereceria mais
atenção e até parece que na disputa pela Presidência os dois grupos, com muitos
pecados graves na consciência, fogem desse tema diante do pesadelo urbano
criado pela estratégia de desenvolvimento focada em números econométricos e
distantes dos índices de qualidade de vida.
O Setor Elétrico merece uma
revisão radical e os cuidados com saneamento básico, abastecimento de água, ocupação
de solo em regiões metropolitanas, direito de moradia etc. seguem estratégias e
legislação romântica e ineficaz.
E a política marrom? Ela deu
resultados a favor de muitos candidatos ruins, afinal se todos não prestam o
eleitor escolhe aquele que lhe dá migalhas, até quando aceitará brioches?
Precisamos, devemos aprender a
usar o Poder Judiciário antes de tudo. Tudo o que aconteceu de errado nos
canteiros de obras (principalmente) com certeza era do conhecimento de pessoas
sindicalizadas, filiadas a partidos e organizações patronais e de trabalhadores,
com instrução suficiente para elaborar denúncias e evitar os desastres que
estamos pagando. Onde estavam? Por que silenciaram? E os pequenos e médios
empreiteiros que formam o núcleo dos grupos mais conservadores, não souberam ou
não quiseram lutar?
Vemos e ouvimos com perplexidade
a naturalidade com que os dois candidatos à Presidência da República apontam
possíveis conivências, cumplicidade com criminosos e omissão generalizada.
Pessoas poderosas há muito tempo, o que esses dois faziam?
Com certeza ministros e senadores
sabem como conduzir inquéritos e formular queixas junto ao Poder Judiciário,
onde estavam?
Em junho de 2013 o povo esteve
durante um mês protestando. Naturalmente logo os poderosos trataram de
satanizar os manifestantes. Inventaram até nomes ingleses como se máscaras
importadas pudessem levar milhões de jovens e adultos às ruas. Alguns morreram,
de todos só lembram um jornalista sem qualquer proteção (onde está a Justiça do
Trabalho) que infelizmente foi vítima de um fogueteiro irresponsável (quem já
esteve perto de um rojão que explode sabe o que suas bombas podem fazer).
Estivemos na Europa. Vimos poucos
monumentos lembrando as lutas populares na terra da guilhotina. Os franceses
têm medo de lembrar o furor revolucionário e agora debatem de forma simplória
seus problemas existenciais. Corrupção? Lá existe e da Europa partiu a
legislação que abriu feridas internacionais e nacionais (aqui, no Brasil). O
crime organizado internacional está em luta extremamente bem camuflada para se
manter...
Temos dois candidatos, um
descendente do saudoso Tancredo Neves, a outra filha adotiva de Lula.
Acreditamos na capacidade de
transformação das pessoas. Qualquer um pode renunciar a seu passado criminoso
ou ineficaz e se reconstruir. Com essa certeza gostaríamos de saber mais
detalhes do orçamente da União, da Política Fiscal, assistencialista,
educacional, energética, de desenvolvimento, enfim, o que esses candidatos e
seus militantes (futuros ministros, secretários, diretores de estatais, autarquias,
PROCONs, etc.) pretendem aplicar ao povo brasileiro, desde que não esqueçam
seus discursos e manuais. E os patrocinadores de campanhas? O que exigem?
Por enquanto, vamos deixar a
política marrom para o Poder Judiciário?
Cascaes
16.10.2014
[1] Wikipédia - Imprensa
marrom é uma expressão pejorativa utilizada para se referir a veículos de comunicação
principalmente jornais, mas também revistas e emissoras de rádio e TV) considerados sensacionalistas, ou seja, que buscam
elevadas audiências e vendagem através da divulgação exagerada de fatos e
acontecimentos, sem compromisso com a autenticidade. É o equivalente em português do termo em lingua
inglesa "yellow journalism". Em ambos os casos
registam-se transgressões da ética jornalística.
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