quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Campanha para a Presidência da República

Política Marrom
A campanha eleitoral mostra muito do que denominamos de “imprensa marrom”[1]. Infelizmente essa postura talvez seja válida, o que seria extremamente lamentável, pois se é verdade metade do que alguns candidatos dizem o Poder Judiciário, os órgãos de fiscalização e policiais falharam muito, isso sem mencionar os batalhões corporativos dentro de tudo o que aconteceu..
Na luta pela Presidência vemos algo mais, o debate de alguns princípios norteadores e programas; ótimo! Precisamos fugir de projetos e estruturas irresponsáveis e mal gerenciados, o que é demonstrável pela realidade cotidiana.
Foge aos interesses eleitorais e demanda conhecimentos específicos a qualidade técnica do Governo em todos os níveis. O que acontece com nossas metrópoles e megalópoles, ou melhor, a situação de nosso povo mergulhado em desfiladeiros de gigantes de concreto mereceria mais atenção e até parece que na disputa pela Presidência os dois grupos, com muitos pecados graves na consciência, fogem desse tema diante do pesadelo urbano criado pela estratégia de desenvolvimento focada em números econométricos e distantes dos índices de qualidade de vida.
O Setor Elétrico merece uma revisão radical e os cuidados com saneamento básico, abastecimento de água, ocupação de solo em regiões metropolitanas, direito de moradia etc. seguem estratégias e legislação romântica e ineficaz.
E a política marrom? Ela deu resultados a favor de muitos candidatos ruins, afinal se todos não prestam o eleitor escolhe aquele que lhe dá migalhas, até quando aceitará brioches?
Precisamos, devemos aprender a usar o Poder Judiciário antes de tudo. Tudo o que aconteceu de errado nos canteiros de obras (principalmente) com certeza era do conhecimento de pessoas sindicalizadas, filiadas a partidos e organizações patronais e de trabalhadores, com instrução suficiente para elaborar denúncias e evitar os desastres que estamos pagando. Onde estavam? Por que silenciaram? E os pequenos e médios empreiteiros que formam o núcleo dos grupos mais conservadores, não souberam ou não quiseram lutar?
Vemos e ouvimos com perplexidade a naturalidade com que os dois candidatos à Presidência da República apontam possíveis conivências, cumplicidade com criminosos e omissão generalizada. Pessoas poderosas há muito tempo, o que esses dois faziam?
Com certeza ministros e senadores sabem como conduzir inquéritos e formular queixas junto ao Poder Judiciário, onde estavam?
Em junho de 2013 o povo esteve durante um mês protestando. Naturalmente logo os poderosos trataram de satanizar os manifestantes. Inventaram até nomes ingleses como se máscaras importadas pudessem levar milhões de jovens e adultos às ruas. Alguns morreram, de todos só lembram um jornalista sem qualquer proteção (onde está a Justiça do Trabalho) que infelizmente foi vítima de um fogueteiro irresponsável (quem já esteve perto de um rojão que explode sabe o que suas bombas podem fazer).
Estivemos na Europa. Vimos poucos monumentos lembrando as lutas populares na terra da guilhotina. Os franceses têm medo de lembrar o furor revolucionário e agora debatem de forma simplória seus problemas existenciais. Corrupção? Lá existe e da Europa partiu a legislação que abriu feridas internacionais e nacionais (aqui, no Brasil). O crime organizado internacional está em luta extremamente bem camuflada para se manter...
Temos dois candidatos, um descendente do saudoso Tancredo Neves, a outra filha adotiva de Lula.
Acreditamos na capacidade de transformação das pessoas. Qualquer um pode renunciar a seu passado criminoso ou ineficaz e se reconstruir. Com essa certeza gostaríamos de saber mais detalhes do orçamente da União, da Política Fiscal, assistencialista, educacional, energética, de desenvolvimento, enfim, o que esses candidatos e seus militantes (futuros ministros, secretários, diretores de estatais, autarquias, PROCONs, etc.) pretendem aplicar ao povo brasileiro, desde que não esqueçam seus discursos e manuais. E os patrocinadores de campanhas? O que exigem?
Por enquanto, vamos deixar a política marrom para o Poder Judiciário?
Cascaes
16.10.2014





[1] Wikipédia - Imprensa marrom é uma expressão pejorativa utilizada para se referir a veículos de comunicação principalmente jornais, mas também revistas e emissoras de rádio e TV) considerados sensacionalistas, ou seja, que buscam elevadas audiências e vendagem através da divulgação exagerada de fatos e acontecimentos, sem compromisso com a autenticidade. É o equivalente em português do termo em lingua inglesa "yellow journalism". Em ambos os casos registam-se transgressões da ética jornalística.