quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Campanhas políticas e a legislação


Debates políticos e o eleitor
Nossos hábitos ultramarinos levam-nos a criar regras e leis gerais para se evitar pecados individuais. Qualquer contrariedade de algum chefe se transforma em norma para todos. A cultura brasileira, aliás, do ser humano em geral, valoriza rituais, padrões, carimbos etc. e despreza a essência dos fatos e comportamentos, levando à criação de leis, decretos, regulamentos, normas etc. que ao final acabam causando mais prejuízos do que benefícios. Afinal quem tem poder sabe usar tudo isso a seu favor e essa parafernália legal desaba sobre o cidadão comum.
As leis eleitorais intrigam, são feitas a favor de quem?
As campanhas eleitorais no Brasil poderão convergir para uma rigidez cadavérica e de pouco valor. Conhecer os candidatos, apesar de tantos recursos de comunicação existentes, é difícil e um bom exemplo disso são os debates, pouco elucidativos, pois detalhes importantes não podem aparecer, como seria o caso se ao contrário de moderadores tivéssemos apenas um juiz para evitar agressões físicas (queremos um ringue televisivo para lutas de planos, ideias, propostas etc. e também para avaliações recíprocas). Para os casos de injúria e calúnia bastaria existir um tribunal especial que julgasse de imediato o que fosse dito.
A realidade é que votamos sem saber detalhes eventualmente importantes, que deveriam aparecer durante o processo eleitoral.
E os debates entre os candidatos ao cargo de vice-prefeito? São importantes.
Quando o prefeito disputa reeleição é quase certo que na próxima eleição, se for bem sucedido nas disputas internas do seu partido, estará pleiteando um cargo que lhe garanta mais quatro ou oito anos de mandato. Isso transforma o companheiro de chapa em um cidadão que deverá governar a cidade por dois ou seis anos. Quem são eles?
O desconhecimento é ampliado estratosfericamente na disputa para a Câmara de Vereadores.
De nossos eleitores as pesquisas, por sua vez, poderiam ser mais eficazes classificando os brasileiros por um conjunto de características. Qualificá-los pelo nível de renda é um reducionismo (para usar a afetação acadêmica) exasperante. Cidade a cidade seria importante conhecer melhor seus cidadãos. Institutos de pesquisa mais maduros poderiam organizar suas consultas sobre detalhes mais completos, o que talvez façam e não divulguem para a “plebe”. Quem perde com isso é a imprensa comum quando usa como indicadores o que temos de conhecimento geral, dando a falsa impressão de que limites de renda, por exemplo, indiquem grau de educação política e competência técnica para distinguir um candidato de outro qualquer.
Analistas e formadores de opinião precisam ter cuidado. Os riscos de comentários qualificativos mergulham inclusive na avaliação de administrações passadas, extremamente diversas não só pela composição das equipes que administraram as cidades quanto pelos cenários sócio econômicos, detalhes que variaram tremendamente em nosso país ao longo do século vinte e início do atual (vinte e um).
Estamos por enquanto mais na fase de vigilância às regras do jogo político. Seria fundamental podermos contar com avaliações técnicas e culturais dos candidatos, algo que algumas entidades começam a levar a sério, ótimo! Parabéns ao trabalho do Jornal Gazeta do Povo (Paraná) com seu portal http://www.gazetadopovo.com.br/votoconsciente , sempre insistindo na educação política de nosso povo.
Devemos evitar equívocos que entronizem mensaleiros, estamos vendo a força de cachoeiras e bases mal construídas. A corrupção no Brasil atingiu um patamar absurdo. Para reduzi-la o primeiro passo é eleger prefeitos e vereadores honestos, se possível... A competência técnica não pode ser desprezada assim como a capacidade política e administrativa em geral. Não é pouco e tantas avaliações mereceriam maior exposição dos candidatos, quem sabe usando as famosas TVs e rádios denominadas “educativas” em tempo integral para apresentação maior e melhor dos candidatos, afinal é o contribuinte que mantém essas emissoras.
Carecemos de educação política, uma tragédia brasileira! Educar para votar com uma base ampla e objetiva é um tremendo desafio. Os resultados de nossa ignorância não param de aparecer em escândalos inacreditáveis.
Cascaes
5.8.2012

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