E se os patrocinadores da FIFA fossem outros e a luta contra a corrupção
O poder da FIFA no Brasil é impressionante. Tornou-se maior, praticamente intocável após a assinatura de compromissos que descobrimos depois: o que significaria patrocinar a Copa.
As exigências e os caprichos vieram gota a gota. Estádios novos, como o do Atlético do Paraná, estão sendo refeitos para atender os desejos dessa gente estranha, pior ainda, em todas as cidades comprometendo planos urbanísticos e o bom senso que a Engenharia, Arquitetura, Urbanismo e Economia, além da Sociologia recomendariam.
Chega-se ao absurdo de se fazer linhas especiais de transporte coletivo em direção aos estádios, para depois, a cada campeonato, acontecer a necessidade de gastos extraordinários na recuperação de estragos que torcidas alucinadas poderão fazer.
Talvez com tudo tenhamos em benefício permanente aprimoramentos esquecidos, com destaque para a segurança em todos os seus sentidos.
Teremos leis e punições diferentes, resta saber se teremos presídios.
De qualquer forma até que ainda dá para festejar. O merchandising da Copa poderia estar em fabricantes de cigarro, seria um fumacê danado. Fabricantes de armas, cassinos e outras preciosidades talvez estivessem dizendo o que o Brasil precisaria liberar para ver alguns jogos de sua seleção, até agora meio sem rumo.
Já pagamos muito caro aceitando acordos com o FMI, por exemplo. Talvez isso tenha habituado nosso povo a esperar o pior quando o Governo entra em campo.
Também nada impediria o contrário. A FIFA seria talvez mais simpática se viesse com fabricantes de brinquedos, indústrias e laboratórios dedicados a pessoas doentes, deficientes, idosas, às crianças, aos estudantes etc..
O fascínio pelo dinheiro, contudo, deve ter pesado muito quando certas liberalidades aconteceram, inclusive por empresas brasileiras dispostas a tudo, pouco importando o que seja urgente, necessário e saudável.
O mês de março de 2012 chega ao final com declarações e revelações impressionantes. Será que até 2014 não teremos surpresas maiores? Sua Excia., o deputado federal Romário, um dos maiores jogadores de futebol que nosso Brasil já deu berço, fez suposições assustadoras.
No Paraná descobrimos que os clubes não devem se preocupar demais, a tendência será perdoar dívidas, mais ainda se o Brasil for campeão. A partir daí a corrupção e/ou irresponsabilidade poderão ser abençoadas e usadas como modelos de administração...
Nos livros de sociologia encontramos excelentes textos e estudos sobre o comportamento humano. Tudo indica que o “homo sapiens sapiens” tem inteligência , mas está longe de se comportar de forma decente. Isso não é característica exclusivamente brasileira, a diferença é que o modelo institucional nacional combateu os efeitos e ignora as causas da corrupção. Parece que um Projeto de Lei em andamento no Congresso Nacional poderá mudar isso (GONÇALVES, 2012) , melhor ainda se outras leis fizerem parte deste pacote e forem corrigidas.
Da reportagem citada extraímos o seguinte parágrafo:
“Idealizado pela Controladoria-Geral da União (CGU), o PL 6.826/2010 segue recomendações de convenções internacionais assinadas pelo governo brasileiro contra a corrupção. “Hoje o ato de corrupção é vantajoso para as empresas. Quando elas são flagradas, os donos simplesmente jogam a culpa em um diretor, mas a empresa não sofre punições sob o aspecto mais importante: o financeiro”, diz o deputado federal João Arruda (PMDB-PR), presidente da comissão especial que aprecia o texto desde 2011 na Câmara dos Deputados.”
Ou seja, esperamos que uma campanha nacional incentive a aprovação desta PL sem ajustes inibidores de seu propósito, combater a corrupção.
E a Copa de 2014?
Por enquanto o que vale é pensar que tudo poderia ser pior. É um consolo. Essa visão cresce quando imaginamos a FIFA apoiando fabricantes de facas, revólveres, equipamentos e coisas mais fortes do que a cerveja.
“Meia entrada” é importante? Isso podemos deixar de lado, está na hora de vermos discussões e posicionamentos mais objetivos a favor de nosso povo, afinal, quem e onde, em que cidade os brasileiros poderão comprar ingressos e ver os jogos do Brasil?
Cascaes
25.3.2012
GONÇALVES, A. (25 de 3 de 2012). Projeto de lei aperta o cerco a empresas corruptoras. Fonte: Gazeta do Povo: http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1237212&tit=Projeto-de-lei-aperta-o-cerco-a-empresas-corruptoras