domingo, 3 de outubro de 2010

Quanto você é egoísta?

O período eleitoral coloca sub-repticiamente uma questão delicada, afinal somos ególatras ou altruístas?

O mamífero que nós denominamos “ser humano” saiu das florestas e savanas há pouquíssimo tempo para mergulhar em selvas de pedra. Nesse périplo teve nos últimos milênios de sua história sobre a Terra que desenvolver um processo de conversação e escrita sofisticados, criou religiões, rituais para a eterna bajulação aos deuses que inventou, tornou-se sedentário, gregário, patrimonialista, territorialista e adquiriu técnicas de sobrevivência que fazem do “homo sapiens sapiens” (classificação pretensiosa) a espécie dominante, após os vírus e bactérias que de tempos em tempos mostram suas forças.

O famoso instinto de conservação é mais do que evidente, e segue direitinho o que Maslow[i] ilustrou com sua famosa pirâmide. Vemos isso a todo instante, em qualquer lugar, de diversas maneiras. Nela podemos perguntar: em que nível estamos?

A verdade é que a ascensão moral e social é fundamental, determinante, assim como o crescimento cultural, para que possamos viver, todos nós, com um mínimo de dignidade.

O egoísmo, contudo, ainda é fortíssimo e um desafio a vencer se quisermos sobreviver diante dos desafios do século 21. Infelizmente os exemplos de falta de sociabilidade e fraternidade são freqüentes e preocupantes.

Nas vilas mais humildes catadores de lixo preferem guardar o que colhem dentro de seus casebres, resistindo a propostas de organização em cooperativas. Trabalhadores se matam por cargos em sindicatos e na elite a guerra não é menor, sempre sob a desculpa da competição, de direitos e necessidades que descobrem ou inventam de acordo com a própria criatividade e sob os efeitos de uma cultura televisiva consumista e irresponsável.

É fácil de entender muita coisa à medida que as descobertas de como funciona o nosso corpo avançam. Glândulas e neurônios, com o apoio de músculos e sensores formam um computador ambulante capaz de se reproduzir e modificar ambientes. Aliás, essas novas descobertas fazem-nos ler com muito prazer livros escritos antes para podermos comparar explicações com autores mais “modernos”, é algo tão divertido quanto folhear um livro de Astronomia do século 18, vendo as fogueiras que imaginavam alimentadas permanentemente no Sol e agora pensar no tremendo reator nuclear que é qualquer estrela.

Felizmente parece que o cérebro evolui. Da amígdala original já possui camadas de “lingüiças de neurônios” adicionais que, para muitos, é puro peso sobre o pescoço, para outros (alguns) uma tremenda máquina de pensar.

Tivemos propostas de solidariedade magníficas, criadas por filósofos e mestres religiosos assim como, principalmente daqueles que entenderam possuir a missão de propagar as palavras dos mestres, determinações fanáticas de violências colossais, materializadas em dogmas, guerras, torturas, censuras etc.

Precisamos, contudo, aprender a viver de forma fraterna, solidária. Paradoxalmente, exatamente por chegarmos a limites de sustentabilidade, já não podemos simplesmente praticar a livre e mútua exploração, a utilização predatória da Natureza e dos seres humanos. O desafio não é místico, é concreto, é real e possível de ser vencido.

Felizmente chegamos a esse nível de saturação quando a cultura universal informa e viabiliza novos conceitos, cria oportunidades. O desafio será usar isso tudo sem novos terrorismos, com democracia, liberdade de expressão, criatividade e bom senso. Para isso impõe-se a evolução acelerada da educação ambiental, por exemplo, na esperança de que assim tenhamos ganhos de sentimentos de fraternidade.

Talvez o medo de afundarmos na poluição acorde a Humanidade para a importância de mais amor e menos violência.

Em tempo, vote certo, pense bem, o futuro depende de você.



Cascaes

3.10.2010



--------------------------------------------------------------------------------

[i] http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:1-VOCCTBJS8J:pt.wikipedia.org/wiki/Abraham_Maslow+maslow&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

Nenhum comentário: