terça-feira, 26 de outubro de 2010

Educação, caso de política ou de polícia?

De: Pucci
Data: 25 de outubro de 2010 17:21
Assunto: EDUCAÇÃO
Para: Pucci
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Educação, caso de política ou de polícia?


ESCRITO POR FREI BETTO
24-OUT-2010

O IBGE divulgou, a 17 de setembro, a Síntese de Indicadores Sociais 2010. O IBGE é um órgão do governo federal. Portanto, não está a serviço da oposição nem dos detratores do governo Lula. Felizmente, é sério e isento. Os dados concernentes à educação no Brasil são estarrecedores.

Em 2009, 14,8% dos jovens de 15 a 17 anos se encontravam fora da escola. E 32,8% daqueles que tinham entre 18 e 24 anos deixaram os estudos sem completar o ensino médio. (Haja mão de obra desqualificada e candidatos ao narcotráfico...).

Comparado aos demais países do Mercosul, o Brasil tinha a maior taxa de abandono do nível médio – 10% dos alunos. Na Argentina, 7%; no Uruguai, 6,8%; no Chile, 2,9%; no Paraguai, 2,3%; e na Venezuela, 1%.
Por que nossos jovens abandonam a escola? Os principais fatores são a falta de recursos para pagar os estudos e o reduzido número de escolas públicas; o desinteresse; a constante repetência, provocada por pedagogias ultrapassadas, desmotivação e freqüente ausência de professores; a dificuldade de transporte e a necessidade de ingressar precocemente no mercado de trabalho.

Para se ter um aluno empenhado em fazer um bom ensino médio é preciso que a motivação seja despertada na pré-escola e no ensino fundamental. Ora, como alcançar este objetivo se nossas crianças ficam, em geral, apenas quatro horas por dia na escola? A média latino-americana é de seis horas!

Apesar disso, houve avanços nos últimos dez anos, quando quase dobrou o número de jovens de 18 a 24 anos que concluíram o ensino médio ou ingressaram na universidade. Se em 1999 apenas 29,6% dos alunos terminaram o ensino médio, em 2009 o índice subiu para 55,9%. Em 1999, 21,7% tinham 11 anos de estudos (tempo suficiente para completar o ensino médio). Em 2009, 40,7% freqüentaram a escola durante 11 anos. Em 1999, 7,9% ingressaram na universidade; em 2009, 15,2%.
Em 2009, 30,8% dos jovens entre 18 e 24 anos concluíram algum curso de qualificação profissional. Em 2004, apenas 17,2%. Este avanço se deve ao empenho do governo em multiplicar o número de escolas técnicas, bem como o sistema S (Senai, Senac etc.), e as bolsas de estudos concedidas via ProUni.

Por trás dos dados positivos se escondem desigualdades gritantes. Em 2009, 81% dos jovens de 15 a 17 anos entre os 20% mais pobres estavam na escola. Entre os 20% mais ricos o índice subia para 93,9%. Graças ao sistema de cotas e ao ProUni, dobrou o número de universitários com mais de 25 anos que se declaram negros: 2,3% em 1999, e 4,7% em 2009. Já o índice dos que se declaram brancos é quatro vezes maior: 15%.

O Brasil conta com 3,6 milhões de crianças com menos de 4 anos de idade e é ínfimo o número de creches para elas. O que significa que estão sujeitas a graves desvios pedagógicos por longo tempo de exposição à TV, permanente convivência com adultos ou idosos, muitas vezes entregues a vizinhos enquanto os pais cumprem o horário de trabalho. A Constituição assegura, no Capítulo II – Dos Direitos Sociais, "assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches e pré-escolas". Quantas empresas cumprem?

Segundo o IBGE, entre 0 e 14 anos de idade há, no Brasil, uma população de pouco mais de 54 milhões de pessoas. Dessas, 5 milhões, ou 10,9% do total, vivem em situação de risco, em moradias sem água tratada, rede de esgoto e coleta de lixo. O Nordeste concentra a maior parte dessas crianças: 19,2%. E o Maranhão e o Piauí lideram essa estatística. A pesquisa apontou ainda que quase 39,4% dos alunos do ensino fundamental freqüentam escolas sem rede de esgoto e 10% delas não contam nem com água potável.

Falta muito a fazer. Enquanto a educação brasileira não alcançar o nível mínimo de qualidade, continuaremos a ser uma nação desigual, injusta, subdesenvolvida e dependente. Também pudera, embora a Constituição exija que sejam aplicados 8% do PIB na educação, o investimento do governo nesta área não chega a 5%. E o orçamento do Ministério da Cultura para 2011 é inferior a 1%.

Não é de estranhar o nepotismo na Casa Civil e os Tiriricas na corrida eleitoral. Além de educação, falta ao Brasil vergonha na cara. Desse jeito, o descaso da política para com a educação acaba virando caso de polícia, tamanho o crescimento da violência urbana.

Frei Betto é escritor, autor de "Alfabetto – autobiografia escolar" (Ática), entre outros livros.
Página do autor: http://www.freibetto.org/  –  twitter: @freibetto

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Brasil Dependente - Lúcio Castelo Branco

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Carros x pedestres

http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1055789

domingo, 3 de outubro de 2010

Quanto você é egoísta?

O período eleitoral coloca sub-repticiamente uma questão delicada, afinal somos ególatras ou altruístas?

O mamífero que nós denominamos “ser humano” saiu das florestas e savanas há pouquíssimo tempo para mergulhar em selvas de pedra. Nesse périplo teve nos últimos milênios de sua história sobre a Terra que desenvolver um processo de conversação e escrita sofisticados, criou religiões, rituais para a eterna bajulação aos deuses que inventou, tornou-se sedentário, gregário, patrimonialista, territorialista e adquiriu técnicas de sobrevivência que fazem do “homo sapiens sapiens” (classificação pretensiosa) a espécie dominante, após os vírus e bactérias que de tempos em tempos mostram suas forças.

O famoso instinto de conservação é mais do que evidente, e segue direitinho o que Maslow[i] ilustrou com sua famosa pirâmide. Vemos isso a todo instante, em qualquer lugar, de diversas maneiras. Nela podemos perguntar: em que nível estamos?

A verdade é que a ascensão moral e social é fundamental, determinante, assim como o crescimento cultural, para que possamos viver, todos nós, com um mínimo de dignidade.

O egoísmo, contudo, ainda é fortíssimo e um desafio a vencer se quisermos sobreviver diante dos desafios do século 21. Infelizmente os exemplos de falta de sociabilidade e fraternidade são freqüentes e preocupantes.

Nas vilas mais humildes catadores de lixo preferem guardar o que colhem dentro de seus casebres, resistindo a propostas de organização em cooperativas. Trabalhadores se matam por cargos em sindicatos e na elite a guerra não é menor, sempre sob a desculpa da competição, de direitos e necessidades que descobrem ou inventam de acordo com a própria criatividade e sob os efeitos de uma cultura televisiva consumista e irresponsável.

É fácil de entender muita coisa à medida que as descobertas de como funciona o nosso corpo avançam. Glândulas e neurônios, com o apoio de músculos e sensores formam um computador ambulante capaz de se reproduzir e modificar ambientes. Aliás, essas novas descobertas fazem-nos ler com muito prazer livros escritos antes para podermos comparar explicações com autores mais “modernos”, é algo tão divertido quanto folhear um livro de Astronomia do século 18, vendo as fogueiras que imaginavam alimentadas permanentemente no Sol e agora pensar no tremendo reator nuclear que é qualquer estrela.

Felizmente parece que o cérebro evolui. Da amígdala original já possui camadas de “lingüiças de neurônios” adicionais que, para muitos, é puro peso sobre o pescoço, para outros (alguns) uma tremenda máquina de pensar.

Tivemos propostas de solidariedade magníficas, criadas por filósofos e mestres religiosos assim como, principalmente daqueles que entenderam possuir a missão de propagar as palavras dos mestres, determinações fanáticas de violências colossais, materializadas em dogmas, guerras, torturas, censuras etc.

Precisamos, contudo, aprender a viver de forma fraterna, solidária. Paradoxalmente, exatamente por chegarmos a limites de sustentabilidade, já não podemos simplesmente praticar a livre e mútua exploração, a utilização predatória da Natureza e dos seres humanos. O desafio não é místico, é concreto, é real e possível de ser vencido.

Felizmente chegamos a esse nível de saturação quando a cultura universal informa e viabiliza novos conceitos, cria oportunidades. O desafio será usar isso tudo sem novos terrorismos, com democracia, liberdade de expressão, criatividade e bom senso. Para isso impõe-se a evolução acelerada da educação ambiental, por exemplo, na esperança de que assim tenhamos ganhos de sentimentos de fraternidade.

Talvez o medo de afundarmos na poluição acorde a Humanidade para a importância de mais amor e menos violência.

Em tempo, vote certo, pense bem, o futuro depende de você.



Cascaes

3.10.2010



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[i] http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:1-VOCCTBJS8J:pt.wikipedia.org/wiki/Abraham_Maslow+maslow&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

sexta-feira, 1 de outubro de 2010