segunda-feira, 19 de julho de 2010
Cautela e a FIFA
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18:00
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domingo, 18 de julho de 2010
Uso justo e perfeito do dinheiro do povo
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11:48
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Pinheirão
Conselheiros e reis temporários
Falam muito em mudar a Constituição. O CQC até conseguiu assinaturas para uma PEC da cachaça. Um pouco mais talvez a Band revogue a Lei da Gravidade...
O custo do Congresso Nacional é astronômico e muitas cidades mal conseguem pagar os salários dos seus vereadores. O Brasil precisa evoluir e investir muito em educação, saúde, transportes, segurança etc.
Vamos simplificar? Economizar?
Temos leis demais, se falta alguma ela poderá ser criada por iniciativa popular.
Representantes em Brasília? Poderiam ser simplesmente conselheiros, gente escolhida para dar sugestões ao presidente que, de um jeito ou de outro, comporta-se como se fosse um rei, quase absolutista, pois sempre dá um jeito de conquistar a maioria dos “representantes do povo”.
Vamos criar, pois, pois, o rei temporário, assumido, e deixar que sua família viva durante o mandato as delícias da corte. Sem maiores preocupações além de designar o menor e melhor número possível de ministros, esse cidadão brasileiro poderia até fazer o papel de rei Momo para compensar o custo e alegrá-lo um pouco mais.
Leis?
Só aquelas que o povo decidisse por voto direto, via urnas eletrônicas, em votações que poderiam ser anuais para não se correr o risco de criar outras.
Nossa Constituição deveria determinar a redução do número de leis de modo a, em algum milênio futuro, chegarmos aos dez mandamentos laicos.
Menos leis, menos custos burocráticos, redução do número de fiscais, simplificação do trabalho do Poder Judiciário.
Sem representantes por unidades federadas, que simplesmente não significam mais que o império de algumas sobre as demais, entraríamos num sistema democrático real. O povo decidiria e a tecnologia possibilitaria até votos sem a necessidade de ser alfabetizado.
Nossos reis e príncipes temporários teriam a responsabilidade de governar um país que adora autoridades. As cabeças coroadas seriam mais significativas, valeriam mais que faixas e discursos.
Conselheiros, como são importantes.
Aconselhar pode ser feito via internet, Sedex, telegrama e até sinal de fumaça. O Conselheiro (dispensando salários e mordomias) não precisa morar na capital, basta um diploma, um kit internet e software para organizar as sugestões. Com as maravilhas modernas poderíamos ter milhões de conselheiros. Os reis e presidentes não costumam se preocupar muito com isso, afinal o IBOPE e a mídia bem usados valem mais, são mais eficazes.
Sim, talvez valha a pena uma nova constituinte, não sem antes podermos fazer uma tremenda campanha de esclarecimento de teses simplificadoras.
E as cláusulas pétreas? Fazem sentido?
Descobrimos depois de tantos anos que a vida é dinâmica e as teorias de antanho servem muito pouco diante do tamanho dos problemas que aparecem de tempos em tempos.
O Ruim é que o Brasil pararia, entraria em ebulição se a tese da criação de uma nova constituição vingasse. Talvez valesse a pena divulgar a constituinte em dezembro e apresentar seus resultados ao final das férias, quem sabe aproveitando algum carnaval ou campeonato de futebol.
Vimos que isso funciona, pode-se aprovar qualquer coisa durante as férias, as pessoas se desligam, exercem o sagrado direito da alienação.
E a alienação é justificável? Por sorte poderá valer a pena e o momento não é errado, afinal temos um rei em Brasília e uma corte faustosa, bem preparada para as mudanças, desde que continue em volta dos soberanos...
Nos estados os príncipes, entre um joguinho e outro, fariam sua parte nesse carnaval que é o Brasil, com favelas, muito luxo, tráfico e tráfego de toda espécie. Vamos ganhar até trem balaço!
Cascaes
18.7.2010
O custo do Congresso Nacional é astronômico e muitas cidades mal conseguem pagar os salários dos seus vereadores. O Brasil precisa evoluir e investir muito em educação, saúde, transportes, segurança etc.
Vamos simplificar? Economizar?
Temos leis demais, se falta alguma ela poderá ser criada por iniciativa popular.
Representantes em Brasília? Poderiam ser simplesmente conselheiros, gente escolhida para dar sugestões ao presidente que, de um jeito ou de outro, comporta-se como se fosse um rei, quase absolutista, pois sempre dá um jeito de conquistar a maioria dos “representantes do povo”.
Vamos criar, pois, pois, o rei temporário, assumido, e deixar que sua família viva durante o mandato as delícias da corte. Sem maiores preocupações além de designar o menor e melhor número possível de ministros, esse cidadão brasileiro poderia até fazer o papel de rei Momo para compensar o custo e alegrá-lo um pouco mais.
Leis?
Só aquelas que o povo decidisse por voto direto, via urnas eletrônicas, em votações que poderiam ser anuais para não se correr o risco de criar outras.
Nossa Constituição deveria determinar a redução do número de leis de modo a, em algum milênio futuro, chegarmos aos dez mandamentos laicos.
Menos leis, menos custos burocráticos, redução do número de fiscais, simplificação do trabalho do Poder Judiciário.
Sem representantes por unidades federadas, que simplesmente não significam mais que o império de algumas sobre as demais, entraríamos num sistema democrático real. O povo decidiria e a tecnologia possibilitaria até votos sem a necessidade de ser alfabetizado.
Nossos reis e príncipes temporários teriam a responsabilidade de governar um país que adora autoridades. As cabeças coroadas seriam mais significativas, valeriam mais que faixas e discursos.
Conselheiros, como são importantes.
Aconselhar pode ser feito via internet, Sedex, telegrama e até sinal de fumaça. O Conselheiro (dispensando salários e mordomias) não precisa morar na capital, basta um diploma, um kit internet e software para organizar as sugestões. Com as maravilhas modernas poderíamos ter milhões de conselheiros. Os reis e presidentes não costumam se preocupar muito com isso, afinal o IBOPE e a mídia bem usados valem mais, são mais eficazes.
Sim, talvez valha a pena uma nova constituinte, não sem antes podermos fazer uma tremenda campanha de esclarecimento de teses simplificadoras.
E as cláusulas pétreas? Fazem sentido?
Descobrimos depois de tantos anos que a vida é dinâmica e as teorias de antanho servem muito pouco diante do tamanho dos problemas que aparecem de tempos em tempos.
O Ruim é que o Brasil pararia, entraria em ebulição se a tese da criação de uma nova constituição vingasse. Talvez valesse a pena divulgar a constituinte em dezembro e apresentar seus resultados ao final das férias, quem sabe aproveitando algum carnaval ou campeonato de futebol.
Vimos que isso funciona, pode-se aprovar qualquer coisa durante as férias, as pessoas se desligam, exercem o sagrado direito da alienação.
E a alienação é justificável? Por sorte poderá valer a pena e o momento não é errado, afinal temos um rei em Brasília e uma corte faustosa, bem preparada para as mudanças, desde que continue em volta dos soberanos...
Nos estados os príncipes, entre um joguinho e outro, fariam sua parte nesse carnaval que é o Brasil, com favelas, muito luxo, tráfico e tráfego de toda espécie. Vamos ganhar até trem balaço!
Cascaes
18.7.2010
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09:54
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sábado, 10 de julho de 2010
PODER MUNDIAL
Publicado em A Nova Democracia, nº 67 – julho 2010
PODER MUNDIAL
Adriano Benayon* – 16 de junho de 2010
Nova elevação dos juros básicos
No último artigo, assinalei o precário equilíbrio do Balanço de Pagamentos do Brasil, assegurado pelo carry-trade, ou seja, pela entrada de moeda escritural estrangeira tomada por empréstimo no exterior a juros baixíssimos, para ser aplicada no País em títulos públicos e privados, dotados de pródigas taxas de juros.
2. A formação de reservas em moeda estrangeira que decorre desse ingresso de capital especulativo é tanto maior quanto maior seja a diferença entre os juros internos e os do exterior. E que é que acaba de fazer o Banco Central, a serviço dos banqueiros e aplicadores especulativos do Brasil e do exterior?
3. Elevou para 10,25% aa. a taxa básica, SELIC, dos títulos do Tesouro, fazendo crescer o montante dos recursos que os contribuintes brasileiros são forçados a transferir em favor da manipulação financeira, que nada produz de real. Outro resultado disso será continuar o Brasil acumulando mais reservas em dólares, aplicadas a taxas de juros inferiores à taxa de inflação dessa moeda. Para ainda maior prejuízo, esta tende a sofrer agudo colapso em questão de meses.
4. Já desmascaramos, reiteradas vezes, o surrado e falso pretexto segundo o qual a elevação da taxa de juros conteria a inflação, brandido em coro por ministros do governo, diretores do Banco Central, porta-vozes dos bancos, economistas pró-bancos etc.
5. Esse pretexto repousa, além disso, sobre outra falsa suposição, a de que o crescimento do produto bruto acarreta necessariamente maior inflação de preços. Não bastasse isso, fez-se alarde de um crescimento explosivo do PIB, com base só no 1º trimestre de 2010, em comparação com o de 2009, sem levar em conta que, em relação ao 1º trimestre de 2008, a elevação foi de 6,7%. Isso dá taxa média de apenas 3,3% ao ano, ou pouco mais de 1% aa., considerando o PIB por habitante.
6. De fato, o aumento da taxa de juros foi decretado, como sempre, com a finalidade de tornar maiores os ganhos auferidos pelos sanguessugas dos mercados financeiros. Não contém a inflação. Ao contrário a estimula, ao fazer reduzir a oferta de bens e serviços, pois causa queda na produção real, por prejudicar os investimentos produtivos e favorecer os financeiros.
7. Como em todos os países comandados pela oligarquia mundial, tudo se faz às expensas dos que trabalham. Para fingir que se está diminuindo a dívida, reduzindo o déficit público ou combatendo a inflação, o desemprego é o meio favorito do sistema.
8. Em suma, em vez de desatrelar a Nação do comboio desgovernado que é o sistema (caos) financeiro mundial, a política econômica “brasileira” a amarra ainda mais a ele. A propósito, atualizemos as informações referentes à nova etapa do desmoronamento das finanças e de aprofundamento da depressão econômica mundial.
Acúmulo de efeitos das crises
9. Os EUA são exemplo cruel de brutal desemprego, que só tende a se agravar em função dos próximos lances do colapso financeiro. A verdadeira taxa de desemprego (há nada menos que seis taxas oficiais) já se situa, no mínimo, entre 15% e 20%, como aponta o GEAB, importante grupo de analistas franceses.
10. É nesse contexto que estão programados vultosos cortes no orçamento federal dos EUA, ao que se diz, de US$ trilhão em três anos. Nada indica que esses cortes atinjam seriamente os programas de armas estratégicas. Os Estados, há tempos, estão suprimindo gastos fundamentais nos serviços sociais e com isso agravando o desemprego.
11. O panorama na Europa não é menos desanimador. Sem falar na Grécia ou em Portugal, a Espanha, com mais de 20% de desemprego oficial, obedece às diretivas do FMI de sacrificar os assalariados, e a própria Alemanha, líder econômica do bloco, anunciou pesados cortes.
12. Tanto os governos dos EUA como os da Europa só não acabam com as benesses que prodigalizam em favor dos grandes banqueiros. Nos EUA, por exemplo, os juros cobrados pelo banco central privado (FED) estão baixíssimos, quase em zero.
13. Por que? Para ajudar os devedores imobiliários que continuam perdendo suas casas? – Nada disso. Não se lembram que o próprio FED emprestou trilhões de dólares àqueles bancos para cobrir os rombos causados pelos títulos derivativos tóxicos? Eles continuam tomando empréstimos do FED a juro real negativo para aplicar em títulos do Tesouro que rendem em média 3% aa. Nas hipotecas continuam cobrando juros da ordem de 6% aa., e ainda mais altos no reduzido volume de empréstimos às empresas e às pessoas físicas.
14. Conforme dados do Banco Internacional de Liquidações (Vide BIS Quarterly Review, junho de 2010, p. 16), a dívida pública dos EUA atingiu US$ 16,1 trilhões em março de 2010, tendo crescido nada menos que 36,5% desde junho de 2007. O PIB cifrava-se em US$ 14,2 trilhões em 2009, mesmo inflado por métodos estatísticos questionáveis.
15. O curioso é que quase só se comenta a também alarmante dívida pública de países europeus, para onde as agências de risco e outros instrumentos do sistema resolveram deslocar o foco da crise.
16. Isso tudo parece ter por objetivo sustentar, por mais algum tempo, o dólar, viciado por emissões ilimitadas e pela rápida deterioração das contas nacionais dos EUA.
17. O império anglo-americano, cujo principal braço armado são os EUA, está no auge do poder militar, ao mesmo tempo em que sua economia e sua moeda dependem cada vez mais desse poder para manter de pé a imensa fraude que lhes permite sobreviver.
18. Certamente o dólar ganhou alento com as capitulações da Rússia e da China, no Conselho de Segurança da ONU, ao aprovarem a absurda Resolução de pesadas sanções contra o Irã, propugnada pelos outros membros permanentes desse Conselho (EUA, Reino Unido e França).
19. Não se sabe que conluios levaram aquelas duas potências a entregar à sua própria sorte o Irã, cercado de todos os lados por mísseis estadunidenses, britânicos e israelenses. Ademais, a Resolução prejudica a Rússia, suas indústrias bélicas e de equipamentos, obrigadas a deixar de fornecer suprimentos essenciais à defesa daquela república islâmica.
O desenlace aproxima-se
20. Não encontrando, até o momento, resistência face a seus desmandos, nem internamente nem de outros países, a oligarquia financeira (petroleira etc.) anglo-americana, prossegue fomentando a depressão e o colapso financeiro, que vê como meio de aprofundar seu controle totalitário sobre o planeta.
21. Como quer que seja, a maneira como ela vem empurrando as crises com a barriga tem, entre outros resultados, que o montante de derivativos “over-the-counter”, i.e., os não negociados em bolsas, continue acima de US$ 600 trilhões: US$ 615 trilhões, em dezembro de 2009 (BIS Quarterly Review, junho de 2010, p. 25.)
22. Ainda mais impressionante é que o valor de mercado desses derivativos seja de somente US$ 22 trilhões, i;e. 3,6% daquele montante (Idem, ibidem).
23. Os fatores desencadeadores de nova e aguda crise são múltiplos. Entre muitos outros: 1) o soçobrar das hipotecas nos EUA, no Reino Unido, na Espanha etc.; 2) as dívidas públicas e privadas da Grécia, Irlanda, Espanha, Portugal, sem falar em EUA, Reino Unido, Japão e vários outros; 3) a elevadíssima exposição dos bancos nesses e em outros créditos de difícil adimplemento (por exemplo, as ações da matriz do Santander, apesar dos grandes lucros no Brasil, já caíram 40% este ano).
* Adriano Benayon é Doutor em Economia. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”, editora Escrituras. abenayon@brturbo.com.br
PODER MUNDIAL
Adriano Benayon* – 16 de junho de 2010
Nova elevação dos juros básicos
No último artigo, assinalei o precário equilíbrio do Balanço de Pagamentos do Brasil, assegurado pelo carry-trade, ou seja, pela entrada de moeda escritural estrangeira tomada por empréstimo no exterior a juros baixíssimos, para ser aplicada no País em títulos públicos e privados, dotados de pródigas taxas de juros.
2. A formação de reservas em moeda estrangeira que decorre desse ingresso de capital especulativo é tanto maior quanto maior seja a diferença entre os juros internos e os do exterior. E que é que acaba de fazer o Banco Central, a serviço dos banqueiros e aplicadores especulativos do Brasil e do exterior?
3. Elevou para 10,25% aa. a taxa básica, SELIC, dos títulos do Tesouro, fazendo crescer o montante dos recursos que os contribuintes brasileiros são forçados a transferir em favor da manipulação financeira, que nada produz de real. Outro resultado disso será continuar o Brasil acumulando mais reservas em dólares, aplicadas a taxas de juros inferiores à taxa de inflação dessa moeda. Para ainda maior prejuízo, esta tende a sofrer agudo colapso em questão de meses.
4. Já desmascaramos, reiteradas vezes, o surrado e falso pretexto segundo o qual a elevação da taxa de juros conteria a inflação, brandido em coro por ministros do governo, diretores do Banco Central, porta-vozes dos bancos, economistas pró-bancos etc.
5. Esse pretexto repousa, além disso, sobre outra falsa suposição, a de que o crescimento do produto bruto acarreta necessariamente maior inflação de preços. Não bastasse isso, fez-se alarde de um crescimento explosivo do PIB, com base só no 1º trimestre de 2010, em comparação com o de 2009, sem levar em conta que, em relação ao 1º trimestre de 2008, a elevação foi de 6,7%. Isso dá taxa média de apenas 3,3% ao ano, ou pouco mais de 1% aa., considerando o PIB por habitante.
6. De fato, o aumento da taxa de juros foi decretado, como sempre, com a finalidade de tornar maiores os ganhos auferidos pelos sanguessugas dos mercados financeiros. Não contém a inflação. Ao contrário a estimula, ao fazer reduzir a oferta de bens e serviços, pois causa queda na produção real, por prejudicar os investimentos produtivos e favorecer os financeiros.
7. Como em todos os países comandados pela oligarquia mundial, tudo se faz às expensas dos que trabalham. Para fingir que se está diminuindo a dívida, reduzindo o déficit público ou combatendo a inflação, o desemprego é o meio favorito do sistema.
8. Em suma, em vez de desatrelar a Nação do comboio desgovernado que é o sistema (caos) financeiro mundial, a política econômica “brasileira” a amarra ainda mais a ele. A propósito, atualizemos as informações referentes à nova etapa do desmoronamento das finanças e de aprofundamento da depressão econômica mundial.
Acúmulo de efeitos das crises
9. Os EUA são exemplo cruel de brutal desemprego, que só tende a se agravar em função dos próximos lances do colapso financeiro. A verdadeira taxa de desemprego (há nada menos que seis taxas oficiais) já se situa, no mínimo, entre 15% e 20%, como aponta o GEAB, importante grupo de analistas franceses.
10. É nesse contexto que estão programados vultosos cortes no orçamento federal dos EUA, ao que se diz, de US$ trilhão em três anos. Nada indica que esses cortes atinjam seriamente os programas de armas estratégicas. Os Estados, há tempos, estão suprimindo gastos fundamentais nos serviços sociais e com isso agravando o desemprego.
11. O panorama na Europa não é menos desanimador. Sem falar na Grécia ou em Portugal, a Espanha, com mais de 20% de desemprego oficial, obedece às diretivas do FMI de sacrificar os assalariados, e a própria Alemanha, líder econômica do bloco, anunciou pesados cortes.
12. Tanto os governos dos EUA como os da Europa só não acabam com as benesses que prodigalizam em favor dos grandes banqueiros. Nos EUA, por exemplo, os juros cobrados pelo banco central privado (FED) estão baixíssimos, quase em zero.
13. Por que? Para ajudar os devedores imobiliários que continuam perdendo suas casas? – Nada disso. Não se lembram que o próprio FED emprestou trilhões de dólares àqueles bancos para cobrir os rombos causados pelos títulos derivativos tóxicos? Eles continuam tomando empréstimos do FED a juro real negativo para aplicar em títulos do Tesouro que rendem em média 3% aa. Nas hipotecas continuam cobrando juros da ordem de 6% aa., e ainda mais altos no reduzido volume de empréstimos às empresas e às pessoas físicas.
14. Conforme dados do Banco Internacional de Liquidações (Vide BIS Quarterly Review, junho de 2010, p. 16), a dívida pública dos EUA atingiu US$ 16,1 trilhões em março de 2010, tendo crescido nada menos que 36,5% desde junho de 2007. O PIB cifrava-se em US$ 14,2 trilhões em 2009, mesmo inflado por métodos estatísticos questionáveis.
15. O curioso é que quase só se comenta a também alarmante dívida pública de países europeus, para onde as agências de risco e outros instrumentos do sistema resolveram deslocar o foco da crise.
16. Isso tudo parece ter por objetivo sustentar, por mais algum tempo, o dólar, viciado por emissões ilimitadas e pela rápida deterioração das contas nacionais dos EUA.
17. O império anglo-americano, cujo principal braço armado são os EUA, está no auge do poder militar, ao mesmo tempo em que sua economia e sua moeda dependem cada vez mais desse poder para manter de pé a imensa fraude que lhes permite sobreviver.
18. Certamente o dólar ganhou alento com as capitulações da Rússia e da China, no Conselho de Segurança da ONU, ao aprovarem a absurda Resolução de pesadas sanções contra o Irã, propugnada pelos outros membros permanentes desse Conselho (EUA, Reino Unido e França).
19. Não se sabe que conluios levaram aquelas duas potências a entregar à sua própria sorte o Irã, cercado de todos os lados por mísseis estadunidenses, britânicos e israelenses. Ademais, a Resolução prejudica a Rússia, suas indústrias bélicas e de equipamentos, obrigadas a deixar de fornecer suprimentos essenciais à defesa daquela república islâmica.
O desenlace aproxima-se
20. Não encontrando, até o momento, resistência face a seus desmandos, nem internamente nem de outros países, a oligarquia financeira (petroleira etc.) anglo-americana, prossegue fomentando a depressão e o colapso financeiro, que vê como meio de aprofundar seu controle totalitário sobre o planeta.
21. Como quer que seja, a maneira como ela vem empurrando as crises com a barriga tem, entre outros resultados, que o montante de derivativos “over-the-counter”, i.e., os não negociados em bolsas, continue acima de US$ 600 trilhões: US$ 615 trilhões, em dezembro de 2009 (BIS Quarterly Review, junho de 2010, p. 25.)
22. Ainda mais impressionante é que o valor de mercado desses derivativos seja de somente US$ 22 trilhões, i;e. 3,6% daquele montante (Idem, ibidem).
23. Os fatores desencadeadores de nova e aguda crise são múltiplos. Entre muitos outros: 1) o soçobrar das hipotecas nos EUA, no Reino Unido, na Espanha etc.; 2) as dívidas públicas e privadas da Grécia, Irlanda, Espanha, Portugal, sem falar em EUA, Reino Unido, Japão e vários outros; 3) a elevadíssima exposição dos bancos nesses e em outros créditos de difícil adimplemento (por exemplo, as ações da matriz do Santander, apesar dos grandes lucros no Brasil, já caíram 40% este ano).
* Adriano Benayon é Doutor em Economia. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”, editora Escrituras. abenayon@brturbo.com.br
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quarta-feira, 7 de julho de 2010
Campanhas políticas após a BP
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